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Pesquisa mapeia concentração de poluentes atmosféricos no Centro de Curitiba
Meio ambiente
Utilizando uma abordagem inédita no Brasil, o grupo de pesquisa “Poluição do ar e processos atmosféricos”, do Câmpus Londrina, identificou pontos de concentração de material particulado (MP2,5) e fuligem – também conhecido como black carbon (BC) – no Centro de Curitiba. Parte da pesquisa foi apresentada durante o XXII Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica da UTFPR (Sicite 2017) com o trabalho “Distribuição espacial de poluentes atmosféricos no centro de Curitiba (PR)”, escolhido o melhor na categoria apresentação oral da área de Educação Física & Saúde.
Orientado pelo professor Admir Targino, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental do Câmpus Londrina, o trabalho foi apresentado pelo aluno de Engenharia Ambiental Yago Alonso Cipoli e contou com a participação do aluno Matheus de Oliveira Toloto, também da Engenharia Ambiental. Esta é segunda vez que Yago Cipoli é premiado no Sicite, já que na edição de 2016 o estudante apresentou o trabalho “Determinação da qualidade do ar e exposição pessoal em ambientes de trabalho”, também escolhido como o melhor na categoria apresentação oral da área de Ciências da Saúde.
O objetivo da pesquisa foi produzir mapas da distribuição espacial da concentração de poluentes atmosféricos – MP2,5 e BC – em Curitiba, identificando pontos mais poluídos e variáveis que contribuem para níveis de poluição elevados. Para isso, o grupo contou com uma abordagem inédita na coleta de dados, possível a partir da cooperação bilateral sueco-brasileira, iniciada em 2013 em Curitiba. A participação dos pesquisadores do Câmpus Londrina no projeto científico que estuda a qualidade do ar em Curitiba começou após a assinatura de acordo entre a UTFPR e o Swedish Meteorological and Hidrological Institute (SMHI), em dezembro de 2015.
Durante duas semanas de agosto de 2016, foram medidas em tempo real as concentrações de BC e MP2,5 em duas áreas do Centro de Curitiba (zona calma, com velocidade máxima de 40 km/h, e zona central, com velocidade máxima de 60 km/h) e em turnos da manhã (7h às 9h) e da tarde (16h às 18h) próximos aos horários de rush. Para isso, foram usadas bicicletas adaptadas nas quais se instalaram equipamentos portáteis operados com alta resolução temporal, permitindo que fosse realizado o monitoramento do ar por sensores móveis e utilizando-se rotas projetadas para cobrir a maior área dentro das delimitações, sem sobreposições e recuos por trajetos já realizados. Além do método de coleta, a análise aplicada também foi inovadora. Combinados, o método de coleta e a análise permitiram uma maior precisão das áreas que oferecem riscos de poluição atmosférica para a população, o que não seria possível com os tradicionais métodos fixos.
A relevância da pesquisa está na identificação das concentrações de poluentes atmosféricos, essencial para o planejamento urbano e adoção de medidas preventivas, já que a presença de material particulado é prejudicial à saúde humana. Vários estudos determinaram os perigos do MP2,5, associado aos riscos de doenças cardiovasculares e respiratórias, redução da expectativa de vida e, inclusive, à mortalidade. Além disso, o MP é constituído de componentes mais nocivos, como as partículas de black carbon, geradas a partir da queima incompleta de combustíveis fósseis, biomassa e compostos que possuem carbono em sua estrutura. Nos centros urbanos, o número excessivo de veículos motorizados representa uma das principais fontes de poluição atmosférica. Por isso, no estudo, os pesquisadores buscaram determinar as variáveis que afetam a variabilidade das concentrações de poluentes, como densidade do tráfego, tipologia dos veículos, paradas de ônibus e semáforos.
Como resultado, o trabalho concluiu que os pontos com concentrações mais elevadas de MP2,5 e BC se relacionaram com número alto de veículos a diesel, número total de veículos, aclive das ruas e tipo de estrutura urbana, como cânions - configuração formada pela disposição de edifícios enfileirados ao longo de ambos os lados de uma rua, onde se registram elevados níveis de poluentes atmosféricos, pois as paredes das edificações dificultam a dispersão de poluentes e favorecem a sua acumulação. Além disso, também foi verificado que a zona calma registrou menor concentração de poluentes no período da manhã em relação à zona central.
Além desse estudo, o grupo de pesquisa “Poluição do ar e processos atmosféricos” também investiga de que forma uma pessoa está mais exposta à poluição: caminhando, pedalando ou usando ônibus. Os resultados desta e de outras pesquisas podem ser encontrados no site do grupo.