Marina Grabaski encontrou a mágica nas engrenagens da Engenharia Mecânica
“Existe algo mágico em entender como as coisas funcionam”. Foi com essa frase que a professora Marina Grabaski, docente no Instituto Federal do Paraná, campus Paranaguá, e aluna do Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica da UTFPR-CT (PPGEM) me recebeu. Diria que esse comentário resume muito bem a paixão que move a professora em direção à pesquisa e, até mesmo, sua trajetória até aqui.
De cara já te conto um segredo: ela queria ser veterinária, mas entendeu que o apego aos bichinhos tirava a objetividade necessária para a área. Por isso, arriscou seguir os passos do irmão que é engenheiro elétrico e topou com a Engenharia Mecânica, mesmo sem muita certeza do que faria ali. No decorrer do curso, a magia aconteceu. As disciplinas foram surgindo, as coisas foram fazendo sentido e Marina encontrou mais uma paixão que divide lugar com os animais.
Durante a busca por entender o funcionamento das coisas, a professora descobriu a engenharia de materiais, área que se dedica desde o início da graduação. É interessante pensar sobre isso, porque mesmo quando afirma ter entrado no curso sem muita certeza, Marina se agarrou ao tema com confiança. Aproveitou os laboratórios da instituição, as aulas práticas e o conhecimento dos professores. Trabalhou com o desenvolvimento de meios para aumentar a vida útil de materiais como ferro e aço e, mais uma vez, a mágica aconteceu: ingressou no mestrado para mergulhar ainda mais em seus interesses.
Na pós-graduação, a professora se dedicou ao estudo da fadiga de contato, um fenômeno que causa a falha de peças mecânicas por consequência de esforços cíclicos, compressivos e concentrados. Sem qualquer ironia, Marina estudou a fadiga incansavelmente. O período foi tão importante que a pesquisadora considera a conclusão dessa etapa como uma das principais conquistas alcançadas.
“Eu sempre quis trabalhar com fadiga de contato. Senti que foi uma construção, desde a graduação trabalhei com assuntos relacionados, que me ajudaram a chegar ao tema da dissertação. Foi um percurso que não trilhei sozinha, mas acho que foi o que produzi de melhor até o momento na UTFPR. O mestrado foi um grande marco na minha carreira, me fez uma pesquisadora e professora melhor”, comenta.
Ainda assim, há espaço para cobrança, para aquela voz da autocrítica que, muitas vezes, é injusta. Estudando e trabalhando, a professora confessa que gostaria de ter se dedicado mais à pesquisa no período do mestrado. Sendo sincera e um pouco ousada, discordo de Marina. Acredito que ela fez um trabalho impecável e inspirador. Não é fácil ocupar o espaço que a pesquisadora preenche desde que entrou na universidade. Mulher e jovem, encarou o preconceito várias vezes, de diversas formas, mas continua firme, como se nas engrenagens que a mantêm viva, não houvesse fadiga de contato.
O segredo? A certeza de que está no lugar certo e de que a Engenharia Mecânica é uma área para mulheres. Além disso, a professora ressalta que engenharia e ciência são objetos que não se fazem sozinhos, por isso aconselha que meninas busquem pessoas que as acompanhem nesse percurso.
E ela não para por aí, para quem já está na área, Marina empresta um pouco da mágica que encontrou na Universidade: “Ajude e motive quem está começando. Apoie da forma que você gostaria de ter sido apoiada lá no começo. E isso não é apenas para as mulheres, os homens também devem fazer parte desse movimento. Ser exigente faz parte do perfil de toda engenheira e engenheiro, mas ser paciente também. Tornar essa área um lugar melhor para se trabalhar depende de nós”.