Servidores conhecem e debatem ações de Inclusão no Campus Curitiba
No Miniauditório da sede Centro, na quarta (19) pela manhã, foi realizado o evento "Ações de Inclusão no campus Curitiba ", no âmbito da Semana de Planejamento. Os participantes da mesa - servidores do campus - trouxeram as contribuições de seus setores em relação ao tema, discutiram problemas e soluções e ouviram comentários e experiências da plateia formada por professores e técnico-administrativos.
Compunham a mesa do evento: Xênia Mello, técnica-administrativa do Núcleo de Acompanhamento Psicopedagógico e Assistência Estudantil (NUAPE-CT); Marta Filietaz, docente no Departamento de Educação (DEPED-CT); Walker Pincerati, docente coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI); e Adriano Verdério, diretor de graduação, como mediador.
A Inclusão abrange as Pessoas com Deficiência (PcDs), sejam físicas ou psíquicas, mas também as pessoas negras e de qualquer grupo que seja vítima de preconceito social, e ainda aquelas em situação de vulnerabilidade econômica. São pessoas que a própria estrutura institucional tradicional tende a negar e expulsar de seus ambientes, por isso são necessários esforços para sua permanência e sucesso, o que aprimora o ambiente para todos que nele estão. 75% das deficiências são adquiridas, quer dizer, a pessoa não nasce com ela.
NUAPE
O NUAPE é responsável por implementar diversas ações de Inclusão no campus, como assistência social, atendimento psicológico, auxílio estudantil, adaptações nos ambientes, entre outras. Porém, Xênia explica que sem a comunidade como um todo para criar um ambiente que seja receptivo às necessidades das PcDs e, em se tratando do ambiente acadêmico, sem a participação dos professores, a inclusão não tem condições de se realizar integralmente.
Nesse sentido, a servidora, com vasta experiência no tema, trouxe diversos apontamentos, orientações e dados, mostrando que cada vez mais a figura do "aluno ideal" (que entende tudo rápido e tem condições materiais) se distancia da realidade do corpo discente, abrigando um público cada vez mais diverso e com características específicas, reforçando a necessidade da Inclusão. E ela compara a atualização das práticas docentes e institucionais em relação à Inclusão com aquela que ocorre na tecnologia.
"A Inclusão traz uma mudança epistemológica, o que acarreta uma responsabilidade ética em relação a esse processo histórico. Quando eu estava na escola, não tinha colegas PcDs ou negros, por exemplo. Mas a Inclusão está em construção, devemos fazer juntos e estar preparados para cometer erros nessa caminhada, é normal - o que não é ético é dizer que não vai tentar. Fazer a Inclusão é nos tornar mais humanos, para sermos mais gentis e generosos com nossas próprias limitações." - Xênia Mello
NEABI
O professor Walker, coordenador do NEABI, relatou que o Núcleo faz a escuta de alunos e servidores vítimas de racismo, inclusive aquele estrutural, numa perspectiva de "aquilombamento", quer dizer, criar uma fortaleza onde se pode falar sobre as violências do cotidiano. O professor explica que as pessoas brancas não refletem sobre sua branquitude, gerando um recalque, no sentido psicanalítico, relacionado aos problemas que as pessoas negras enfrentam.
"Somos um país onde até pouco tempo atrás ninguém queria ser negro", explica o docente. E conta ainda que é comum estudantes negros sentirem-se deslocados em algumas classes só de estudantes brancos, e que essa e outras situações, como racismo de professores, intolerância religiosa podem gerar falta de vontade em continuar o curso e evasão, num contexto em que a assistência estudantil falha.
Walker, que também é psicanalista, diz que "por isso, no NEABI procuramos relacionar a escuta, o sensível e o afeto". O Núcleo fica na sala CK-002, na Sede Centro.
DEPED
O DEPED realiza, entre outras funções, formações para os servidores do campus. Em sua fala, professora Marta abordou diversos fatores relacionados à Inclusão, notadamente o caráter essencial da formação continuada para docentes, no sentido de se inteirar também dos aspectos da Inclusão, que ainda não se efetivou nas instituições educacionais; disse que é necessário conhecer os alunos, as deficiências de forma básica, o Plano de Ensino Individualizado (PEI); que há muitas justificativas das pessoas para não fazer sua parte no processo inclusivo, mas que essa realidade é inescapável e haverá cada vez mais PcDs nas classes, por isso é necessária a mobilização de todos.
De forma mais específica, Marta enumerou diversos tipos de programas e ações que o DEPED realiza, como o programa de apoio aos estudantes da educação especial para professores; programa de desenvolvimento profissional docente; projetos de extensão em parceria com a secretaria estadual de educação; palestras e oficinas; orientação de TCCs na área da educação inclusiva; editais para seleção de estudantes para apoiar ações de Inclusão; encontros formativos; curso de LIBRAS no portal Sophia, e muitos outros.