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Lançamento da Coleção 2 do MapBiomas Solo é realizado em Brasília

Lançamento da Coleção 2 do MapBiomas Solo é realizado em Brasília

Publicado 12/20/2024, 3:06:17 PM, última modificação 12/20/2024, 3:19:26 PM
Os produtos da Coleção 2 do MapBiomas Solo foram apresentados pelos pesquisadores e professores Alessandro Samuel-Rosa (UTFPR-SH) e Taciara Zborowski Horst (UTFPR-DV), líderes do Laboratório de Pedometria.

No dia 6 de dezembro, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em Brasília, foi palco do lançamento da segunda coleção de mapas de propriedades do solo para o território nacional produzidos pelo MapBiomas Solo.

MapBiomas é um projeto organizado de maneira colaborativa, envolvendo ONGs, universidades, laboratórios e startups de tecnologia de todo o país. Surgiu oficialmente em julho de 2015 e possui vinte iniciativas, dentre as quais está o MapBiomas Solo, que apresenta dados sobre o estoque de carbono orgânico para os primeiros 30 cm do solo no Brasil.

A iniciativa MapBiomas Solo é coordenada pelos pesquisadores Alessandro Samuel-Rosa, docente do curso de Agronomia do Campus Santa Helena e Taciara Zborowski Horst, docente do curso de Agronomia do Campus Dois Vizinhos. Os pesquisadores são também lideres do Laboratório de Pedometria, grupo de pesquisa e extensão da UTFPR. Também compoem a equipe do MapBiomas Solo Débora Liriel Kerber Kempner e Vitor Peruzzi de Almeida, alunos do curso de Agronomia do Campus Santa Helena.

O evento foi aberto por Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas, que destacou a importância da rede colaborativa, responsável por produzir mapas detalhados da cobertura e uso da terra no Brasil. Tasso explicou que o trabalho é baseado em imagens de satélite com resolução de 30x30 metros, utilizando processamento em nuvem, o que garante acesso a uma infraestrutura unificada para toda a equipe de pesquisadores. Ele também ressaltou que as coleções de dados são atualizadas anualmente, cobrindo o período de 1985 até o presente.

A abertura do evento contou com a presença de representantes de diversas instituições que utilizam dados espaciais para tomada decisão como Gustavo Goretti (MAPA), Eduardo Matos (Embrapa), Isabella Freire (Coalizão Brasil/Proforest), Vitor Burns (BNDES) e Guilherme Checco (MMA). Esses convidados enfatizaram o papel crucial do MapBiomas para a sociedade, especialmente pelo compartilhamento de informações essenciais para políticas públicas e decisões de financiamento.

  • Apresentação dos Produtos do MapBiomas Solo

Os produtos da Coleção 2 do MapBiomas Solo foram apresentados por Alessandro Samuel-Rosa (UTFPR-SH) e Taciara Zborowski Horst (UTFPR-DV), líderes do Laboratório de Pedometria.

O Prof. Alessandro destacou a importância dos dados de agricultura e pastagem para modelar relações espaciais e temporais entre variáveis como o estoque de carbono, ciclos agropecuários e mudanças na paisagem. Ele explicou que, ao combinar milhares de amostras de solo com informações ambientais e agropecuárias, é possível entender correlações entre a superfície e o subsolo, analisando aspectos como matéria orgânica e textura do solo.

Professor Alessandro Samuel-Rosa apresentando os produtos do MapBiomas Solo.

O Prof. Alessandro também ressaltou o papel central do repositório SoilData, que fornece os dados necessários para treinar os modelos espaciais e temporais. Ele convidou o público a colaborar com o projeto, afirmando:

"Todos vocês podem contribuir para melhorar esses mapas, disponibilizando dados de suas pesquisas ou informações como produtores rurais. Essa é a essência da ciência aberta, e é assim que podemos aprimorar os resultados finais."

O professor explicou que os dados inseridos no repositório passam por um rigoroso processo de limpeza, harmonização e padronização, devido às diferentes metodologias e objetivos utilizados por pesquisadores e produtores ao coletar amostras de solo. Essa padronização é essencial para criar produtos consistentes, como mapas espaciais detalhados como os mapas anuais de estoque de carbono.

A Coleção 2 do MapBiomas Solo atualizou a série de mapas anuais do estoque de carbono orgânico do solo lançada no ano passado. A atualização mantém o mapeamento dos estoques para a camada de 0-30 cm de profundidade e adicionou o ano de 2023 ao final da série.

Os resultados mostram que o Brasil estoca 37 Gt (gigatoneladas) de carbono em sua superfície, uma média de 45 t/ha (toneladas por hectare). O bioma Mata Atlântica possui os maiores estoques, em média 55 t/ha. Já o bioma Caatinga possui, em média, 37 t/ha.

A Profa. Taciara apresentou a novidade da Coleção 2 do MapBiomas Solo, os mapas de granulometria (argila, silte e areia) e textura do solo para os primeiros 30 cm de profundidade do solo brasileiro. Ela destacou a importância do conhecimento sobre as partículas do solo e os diferentes grupamentos texturais para compreender o comportamento ambiental e o uso da terra.

“A quantidade de argila em um solo influencia diretamente sua capacidade de armazenar carbono. Solos argilosos, com partículas menores, retêm mais carbono e o protegem da decomposição. Isso ocorre porque as partículas de argila formam agregados maiores, criando microporos que aprisionam o carbono de forma mais estável. Por outro lado, solos arenosos, com partículas maiores, apresentam menor capacidade de retenção de carbono e são mais suscetíveis à erosão.”

Professora Taciara apresentando os mapas de granulometria para o território brasileiro.

Entre os principais resultados do novo mapa, foi revelado que 45% dos solos brasileiros possuem textura média. No bioma Amazônia, a predominância também é de solos de textura média, mas os solos argilosos ocupam grandes extensões. Eles oferecem boa capacidade de retenção de água e armazenamento de carbono no solo.

Os resultados do mapeamento também mostraram que a agricultura ocupa grande parte dos solos argilosos e muito argilosos dos biomas Pampa, Mata Atlântica e Cerrado, reflexo de sua elevada aptidão agrícola. Por outro lado, os solos de textura siltosa têm, na maioria dos casos, a vegetação nativa como cobertura predominante. Esses solos são comuns nas várzeas inundáveis do bioma Amazônia.

O novo mapeamento da textura do solo revelou uma variabilidade significativa nos estoques de carbono orgânico, com solos muito argilosos armazenando até 83% mais carbono em comparação aos solos arenosos, mesmo dentro de um mesmo bioma como a Mata Atlântica. “Ao identificarmos que os solos com maior aptidão agrícola também são aqueles com a maior capacidade de sequestrar carbono, abre-se a possibilidade de uma situação ganha-ganha para os agricultores e o meio ambiente. Práticas como o plantio direto e a rotação de culturas podem maximizar o sequestro de carbono nesses solos, aumentando a produtividade e contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.”, destaca o Prof. Alessandro.

  • Reunião Técnica - Reflexões e Colaborações no Dia Mundial do Solo

Em adição ao evento de lançamento da Coleção 2 do MapBiomas Solo,  no dia anterior, dia 5 de dezembro, em comemoração ao dia Mundial do Solo, foi realizada a 2ª Reunião Técnica do MapBiomas Solo. O objetivo da reunião foi promover a colaboração e discutir os desafios e as perspectivas do mapeamento sistemático de atributos dos solos no Brasil para o entendimento da dinâmica dos solos e suas relações com as mudanças de uso da terra.

A reunião ocorreu na Sala dos Conselhos da Capes e contou com a participação do comitê técnico-científico do MapBiomas: Tasso Azevedo (coordenador geral), Julia Shimbo (coordenadora científica) e Marcos Rosa (coordenador técnico), além da presença e organização dos coordenadores do GT Solo, Professor Laerte Ferreira (Lapig-UFG), Professor Alessandro Samuel-Rosa e Professora Taciara Zborowski Horst.

A reunião contou com a presença de especialistas de solo de todos os biomas brasileiros, tanto de universidades, como de empresas públicas e privadas. Alguns deles foram:  Ademir Fontana, da Embrapa Gado de Corte e representante da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo; o Professor Fábio Soares de Oliveira, da UFMG e representante da UniSolos; e o Ricardo Schenato, professor da UFSM e representante da rede internacional de estudos de Black Soils.

Sala dos Conselhos da Capes com a equipe do MapBiomas Solo e demais especialistas convidados. Foto: MapBiomas.

A programação da reunião incluiu a apresentação dos produtos e serviços do MapBiomas Solo, bem como dos dados e métodos utilizados pelo MapBiomas Solo para realizar o monitoramento do solo brasileiro. Foi uma oportunidade para a comunidade conhecer de perto as decisões metodológicas, os modelos estatísticos e as estratégias de processamento de dados usados pela iniciativa.

Os especialistas presentes puderam tirar suas dúvidas e dar sugestões a respeito do método MapBiomas Solo de monitoramento do solo. Além da rodada de perguntas, eles puderam compartilhar quais eram os seus desejos para a próxima coleção de dados do MapBiomas Solo. A lista de desejos, como foi chamada, foi bem abrangente e trouxe muitas ideias para a equipe. As três prioridades foram o mapeamento da erosão do solo, o mapeamento do estoque de carbono até a profundidade de 100 cm e o aumento da quantidade de dados no repositório SoilData para áreas úmidas e alagáveis como o Pantanal.

Para mais informações, acesse o site do MapBiomas para conferir as atualizações de todos os dados. A gravação do evento de lançamento está disponível em https://youtu.be/jOJh7PbkbiY.

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