Guia alerta sobre índices de poluição no entorno das escolas
Com a discussão sore a retomada ou não das atividades escolares, outro tema volta a ser discutido, além da pandemia: a poluição veicular no entorno das escolas. Segundo o estudo feito pelo Centro de Pesquisa sobre Energia e Limpeza do Ar (CREA), em julho, cerca de 11 mil mortes já foram evitadas na Europa devido à queda na concentração de sujeira na atmosfera. No Brasil, centros de meteorologia indicam diminuições relevantes da poluição atmosférica em certos centros urbanos.
Como exemplo, em Curitiba, o Instituto Água e Terra do Paraná, órgão do governo do Paraná responsável pela medição, divulgou que de 15 a 20 de março deste ano, quando estabelecimentos comerciais e de ensino estavam abertos, a média diária de presença de dióxido de NO2 no ar era de 14,31 partes por bilhão (ppb) – medida utilizada para contar a concentração dos gases no ar. Já de 21 a 26 de março, com a as escolas fechadas, a concentração despencou para 8,61 ppb.
A professora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA - Londrina/Apucarana), Leila Droprinchinski Martins, e a doutoranda Caroline Fernanda Hei Wikuats (IAG – USP), que também é egressa do PPGEA, juntamente com as pesquisadoras Maria de Fatima Andrade (USP) e Veronika Sassen Brand (USP), participaram da tradução de um material informativo recém-lançado pela Universidade de Surrey (Reino Unido). O guia “Mitigação da exposição à poluição do ar causada pelo trânsito nas escolas e no seu entorno” foi produzido e organizado pelos pesquisadores Prashant Kumar, Hamid Omidvarborna, Yendle Barwise e Arvind Tiwari.
O objetivo é informar e orientar como, indiretamente, minimizar os impactos da poluição veicular nas escolas e diminuir os efeitos dessa poluição, principalmente para as crianças.
“Esse assunto é com certeza deficiente nas escolas, mesmo as da rede privada. A sociedade como um todo tem pouca informação, pois é um tipo de poluição que não se vê como a da água ou o "lixo", explica a professora Leila.
A publicação traz uma tradução de conceitos científicos complexos em ações simples que permitam que escolas, crianças e comunidades possam tomar decisões bem informadas e que ajudem na redução da exposição de crianças à poluição do ar nas escolas.
Segundo o guia, as crianças são mais vulneráveis à exposição aos poluentes que os adultos pois seus pulmões ainda não estão completamente desenvolvidos, elas respiram em alturas mais baixas, praticam muita atividade física e possuem altas taxas de respiração. Além disso, muitas escolas estão próximas às vias principais propiciando que as emissões veiculares cheguem às escolas, incluindo as salas de aula.
O uso de carros para levar e buscar as crianças na escola intensifica os pontos críticos de poluição nos entornos e no
interior das escolas.
De acordo com os autores, as melhores práticas contemporâneas relacionadas à exposição da poluição do ar dentro e fora das escolas e as recomendações apresentadas são baseadas em evidências científicas, podendo, portanto, serem modificadas à medida que a base de evidências evolui.
O material deve ser distribuído em escolas brasileiras, além de demais países, os quais também traduziram o material.