Premiado em evento dos Brics, pesquisador da UTFPR apresenta sua pesquisa à ministra do MCTI
Reitor Everton Lozano e Thiago Edwiges são recebidos pela ministra Luciana Santos, em Brasília (Foto: Luara Baggi/Ascom-MCTI)
O pesquisador da UTFPR Thiago Edwiges, do Campus Medianeira e vencedor do 7º Prêmio Jovem Inovador dos Brics, foi recebido nesta segunda-feira (9) pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, quando pode apresentar o trabalho que o fez ser premiado em evento científico realizado na Rússia com pesquisadores dos países que formam o bloco. O reitor Everton Lozano também participou da recepção realizada na sede do ministério, em Brasília (DF).
Edwiges classifica como emocionante ver a sua pesquisa ir além dos laboratórios e ganhar relevância nacional e internacional, com poder de influenciar decisões políticas em torno do seu objeto de estudo. "Sair de uma escala de laboratório, onde a gente gera os dados, informações, e está ali a nível operacional com os alunos, gerando toda a parte da pesquisa, e chegar no ministério, que é quem tem o potencial de fazer política pública, é estar de uma ponta a outra [no ciclo da pesquisa]", comenta.
A pesquisa ‘Aproveitamento de Resíduos da Cadeia Sucroalcooleira por meio de Diversos Métodos de Tratamento Biológico no Contexto de uma Economia Circular’ foi apresentada pelo pesquisador da UTFPR durante o evento científico realizado com cientistas dos Brics, grupo que reúne economias emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e mais dez países. O prêmio foi entregue a Thiago pelo vice-presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, em cerimônia realizada no último dia 28 na cidade russa de Sóchi.
Ao parabenizar o pesquisador, a ministra afirmou que o feito é uma conquista para o país e reforça a posição brasileira na produção de ciência. “É uma honra recebê-lo aqui. Que a sua premiação possa inspirar outros jovens cientistas. Nós vamos sediar a Cúpula dos Brics no ano que vem, e temos muito a mostrar ao mundo”, enfatizou.
Durante a recepção, o reitor da UTFPR, Everton Lozano, destacou que a instituição é a primeira Universidade Tecnológica do país, criada há 19 anos, mas que possui uma história centenária, iniciada em 1909, como Escola de Aprendizes Artífices. Ele também ressaltou a aptidão tecnológica da instituição. “Estamos felizes com o prêmio. A UTFPR nasceu com uma forte vocação em ciência e tecnologia”, pontuou.
Também participaram do encontro o professor da UTFPR Hugo Valadares, que atua no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, unidade de pesquisa vinculada ao MCTI; o assessor de internacionalização do ministério, Carlos Matsumoto; e o chefe de gabinete da ministra, Rubens Diniz.
Sobre a pesquisa
Dados levantados durante a pesquisa da UTFPR indicam que uma tonelada de cana moída gera 270 quilos de bagaço e mais de 1.000 litros de vinhaça, resíduos da indústria sucroenergética e que se tornam um problema ambiental importante.
Considerando esse cenário, a pesquisa de Edwiges apresenta uma solução capaz de promover o aproveitamento total destes resíduos, tradicionalmente vistos como passivos ambientais, e os transforma em fontes valiosas de biocombustível e biofertilizante. A pesquisa foi desenvolvida por meio de um processo dividido em três etapas: pré-tratamento do bagaço junto com a vinhaça, fermentação escura e digestão anaeróbia.
A produção do biohidrogênio, biometano e do biohitano, obtidos ao longo desse processo, promove a redução de impactos ambientais e a circularidade no uso de resíduos, sendo uma solução promissora para setores que buscam eficiência energética e descarbonização, reduzindo emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para a transição energética nacional, uma vez que pode reduzir em até 95% as emissões de CO². O biohitano, por exemplo, pode substituir o gás natural veicular, utilizado na frota que transporta cana-de-açúcar, fechando um ciclo de produção sustentável, emitindo menos gases de efeito estufa.
O pesquisador destaca que, com o avanço da legislação brasileira, especialmente sobre a Lei Combustível do Futuro, que demandará 1% de biometano na mistura de gás natural já em 2026, o projeto desponta como uma solução estratégica, viável e altamente escalável.
“A pesquisa não apenas oferece uma alternativa sustentável para a produção de energia, mas também reforça a importância da circularidade no setor agroindustrial", conclui.
Sobre o pesquisador e o Campus Medianeira
Thiago Edwiges é professor do Campus Medianeira desde 2011, onde atua no Departamento Acadêmico Acadêmico de Ciências Biológicas e Ambietais. Engenheiro Ambiental com mestrado em Energia na Agricultura e doutorado em Engenharia Agrícola, concentra sua atuação no Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Ambientais na graduação em Engenharia Ambiental.
O Campus Medianeira foi criado em 1990 como unidade descentralizada do então Cefet-PR. Desde então, tem sido um centro de excelência acadêmica, expandindo sua oferta de graduação e programas pós-graduação. Com cerca de 2.200 alunos, o campus é reconhecido como um polo de formação profissional e pesquisa no Oestes do Paraná.