Destaque
Recentemente, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) divulgou matéria destacando a atuação de profissionais da região registrados no Crea-PR, que atuam no sudoeste do Paraná e têm ganhado visibilidade nacional e no exterior com pesquisas e projetos inovadores, na produção científica e inovação tecnológica, nas áreas de Engenharia e Agronomia.
Um dos destaques foi o Engenheiro Agrônomo José Abramo Marchese, professor e coordenador do curso de Agronomia da UTFPR – Câmpus Pato Branco, o qual tem atuado em estudos que podem ser diferenciais importantes no setor.
Abramo trabalha com a bioprospecção de moléculas, especialmente com a indução de resistência (IR) em plantas, uma alternativa de controle de doenças em vegetais e que consiste no aumento da capacidade de defesa da planta contra amplo espectro de organismos fitopatogênicos, incluindo fungos, bactérias e vírus.
O professor lida com substâncias que geram a indução de resistência desde 2005 e destaca que o tema tem atraído atenção de pesquisadores de todo o mundo. Na Europa, já existem produtos disponíveis, enquanto no Brasil só há um – o análogo do ácido salicílico, da molécula Acibenzolar-S-metílico. Outras substâncias estão em processo de registro no Ministério da Agricultura.
As pesquisas em Pato Branco já alcançaram resultados, com moléculas produzidas em parceria com o departamento de Química da UTFPR de Pato Branco, sob a coordenação do professor Mário Antônio Alves da Cunha.
“Trabalhamos com moléculas naturais produzidas por fungos que causam doenças em plantas. Os fungos são multiplicados em biorreator e produzem essas moléculas. Quando aplicadas nas plantas, elas ‘interpretam’ que estão sendo atacadas pelo fungo e acabam produzindo substâncias de defesa. Quando a doença ocorre de fato, a planta está imunizada”, explica o professor, que também é coordenador do Colégio de Instituições de Ensino (CIE) da Regional Pato Branco do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR).
José Abramo Marchese conta ainda que as moléculas foram testadas no Brasil, com resultados promissores em várias culturas, e também na Itália. No momento, os indutores de resistência estão em teste de campo junto com uma empresa brasileira, com um acordo de sigilo que limita a divulgação de informações.
O professor também pesquisa outra solução inovadora, no tratamento da malária. Estudos com a Artemísia (Artemisia annua L.) começaram em 2000. Da planta originária da China extrai-se a molécula artemisinina, cujos derivados são os mais eficazes no combate à malária, atualmente.
“Todavia, o plasmódio causador da malária está adquirindo resistência em alguns países aos derivados da artemisinina. E desenvolvemos superplantas de Artemísia com altos teores do composto, resultado do trabalho de mais de 20 anos aqui com melhoramento genético por seleção natural.”
Com o pó da folha dessas superplantas, desenvolvidas na UTFPR em parceria com a Unicamp, estão sendo produzidos comprimidos. Uma empresa pré-incubada recentemente no Hotel Tecnológico da universidade, a Artemis Biopharma, está testando a estabilidade do composto e há interesse da maior indústria farmacêutica estatal do Brasil. O projeto da Artemis Biopharma foi apresentado no Congresso Mundial de Plantas Comestíveis, Medicinais e Aromáticas (Icemap), neste ano, na Itália, e despertou a atenção de investidores italianos.
Há também a possibilidade de levar os comprimidos de artemisinina para os países pobres da África e da Ásia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou relatório no final do ano passado, com dados de 2017: foram registados cerca de 219 milhões de casos de malária em 87 países. No Brasil, em 2018, foram notificados 194.271 casos da doença.
“Queremos oferecer um tratamento completo a um custo bem menor”, diz o professor Abramo, acrescentando que o objetivo é reduzir o valor do tratamento, que hoje é de US$ 2,00 (três dias, dois comprimidos ao dia), para US$ 0,50.
*Com informações da Assessoria de Imprensa do Crea-PR.