Pesquisador estuda a educação bilíngue dos Codas
Um projeto de extensão desenvolvido pelo professor do Campus Campo Mourão, Ricardo Ernani Sander, vem apresentando a realidade dos intérpretes de língua de sinais (Tils) do Brasil. Em parceria com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) de Palhoça, o pesquisador é um dos organizadores dos encontros virtuais, realizadas sempre nos últimos sábados de cada mês pelo Youtube. O projeto "Rodas de Conversa entre TILS" acontece há dois anos e é realizado em parceria com a pesquisadora Geralda Eustáquia Ferreira (Minas Gerais) e Ana Paula Jung (IFSC).
“É um bate-papo livre e aberto sobre histórias de vida dos tradutores intérpretes de língua de sinais no Brasil”, explica Ricardo Sander.
Desde 2014, o professor Sander vem estudando a realidade de filhos ouvintes de pais surdos, conhecidos pela sigla inglesa CODA (Children of Deaf Adults), sobretudo no mestrado e doutorado. Segundo o pesquisador, essa comunidade bilíngue está estabelecida nacional e internacionalmente, em associações, como os filhos ouvintes de pais surdos, cuja primeira língua dos filhos é a língua de sinais, e a segunda língua é a língua oral.
“Meus estudos focaram em discussão, de como os Codas narram o seu desenvolvimento linguístico, familiar, educacional e social. Quais as marcas revelam a constituição da identidade dos Codas, que se reconhecem como sujeitos bilíngues e biculturais? O Coda nasce em família onde a língua de sinais é a língua de casa, é a língua natural. O Coda se constitui bilingue naturalmente, onde a língua de sinais é a primeira língua de contato, e o Português vem logo após, através dos modelos orais como os avós e professores”. destaca.
Cenas cotidianas, como uma reunião de escola com os pais, parece comum para todos. “Mas o filho Coda precisa interpretar para os seus pais surdos, os comentários da sua professora, sobre as notas do boletim, ou interpretar uma conversa com o gerente do banco, ou mesmo festas de final de ano da família maior, onde somente seus pais são surdos, mas os tios e primos não” exemplifica.
As experiências cotidianas dos Codas, as perspectivas dos pais surdos em relação aos filhos e o desenvolvimento da linguagem no ambiente familiar, são alguns dos relatos apresentados nas investigações do professor. “A escola e a própria sociedade desconhecem a existência e as experiências dos Codas, que são ricas fonte para a Linguística, Cultura, Identidade, Educação entre outras áreas. A vida deles são exemplos para o respeito à diversidade, inclusão social e muitas outras possibilidades epistemológicas”, completa.