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Pesquisador estuda a educação bilíngue dos Codas

Pesquisador estuda a educação bilíngue dos Codas

Publicado 3/1/2023, 10:38:39 AM, última modificação 3/1/2023, 10:39:45 AM
Em lives, que fazem parte de projeto de extensão, professor apresenta histórias de vida dos tradutores de língua de sinais no Brasil

Um projeto de extensão desenvolvido pelo professor do Campus Campo Mourão, Ricardo Ernani Sander, vem apresentando a realidade dos intérpretes de língua de sinais (Tils) do Brasil. Em parceria com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) de Palhoça, o pesquisador é um dos organizadores dos encontros virtuais, realizadas sempre nos últimos sábados de cada mês pelo Youtube. O projeto "Rodas de Conversa entre TILS" acontece há dois anos e é realizado em parceria com a pesquisadora Geralda Eustáquia Ferreira (Minas Gerais) e Ana Paula Jung (IFSC).

“É um bate-papo livre e aberto sobre histórias de vida dos tradutores intérpretes de língua de sinais no Brasil”, explica Ricardo Sander.

Desde 2014, o professor Sander vem estudando a realidade de filhos ouvintes de pais surdos, conhecidos pela sigla inglesa CODA (Children of Deaf Adults), sobretudo no mestrado e doutorado. Segundo o pesquisador, essa comunidade bilíngue está estabelecida nacional e internacionalmente, em associações, como os filhos ouvintes de pais surdos, cuja primeira língua dos filhos é a língua de sinais, e a segunda língua é a língua oral.

“Meus estudos focaram em discussão, de como os Codas narram o seu desenvolvimento linguístico, familiar, educacional e social. Quais as marcas revelam a constituição da identidade dos Codas, que se reconhecem como sujeitos bilíngues e biculturais? O Coda nasce em família onde a língua de sinais é a língua de casa, é a língua natural. O Coda se constitui bilingue naturalmente, onde a língua de sinais é a primeira língua de contato, e o Português vem logo após, através dos modelos orais como os avós e professores”. destaca.

Cenas cotidianas, como uma reunião de escola com os pais, parece comum para todos. “Mas o filho Coda precisa interpretar para os seus pais surdos, os comentários da sua professora, sobre as notas do boletim, ou interpretar uma conversa com o gerente do banco, ou mesmo festas de final de ano da família maior, onde somente seus pais são surdos, mas os tios e primos não” exemplifica.  

As experiências cotidianas dos Codas, as perspectivas dos pais surdos em relação aos filhos e o desenvolvimento da linguagem no ambiente familiar, são alguns dos relatos apresentados nas investigações do professor. “A escola e a própria sociedade desconhecem a existência e as experiências dos Codas, que são ricas fonte para a Linguística, Cultura, Identidade, Educação entre outras áreas. A vida deles são exemplos para o respeito à diversidade, inclusão social e muitas outras possibilidades epistemológicas”, completa.  

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