Francielle Albini é a primeira aluna de Design com deficiência visual grave
Francielle Albini Ferreira é como uma paleta colorida. Cada cor é um aspecto diferente que da estudante: rosa para o cabelo colorido, azul para os cosplays que ela faz (figurinos super fiéis de personagens de ficção), amarelo para os hobbies que envolvem assistir animações e jogar, vermelho para a paixão pelo desenho e verde para a resiliência de enfrentar os desafios como pessoa com deficiência (PcD).
No ensino médio, Fran perdeu boa parte da visão. Parece assustador para quem não vive essa realidade, mas ela tirou de letra: continuou desenhando, prestou vestibular para o curso que queria e hoje ocupa um espaço que muitos acreditam não ser possível para ela.
Motivo de orgulho, Fran é a primeira estudante de Design com deficiência visual grave da UTFPR-CT e trabalhou até o início de 2024 como estagiária no Núcleo de Acompanhamento Psicopedagógico e Assistência Estudantil (NUAPE).
Confira abaixo a entrevista completa com a estudante.
Conte um pouco da sua trajetória de vida até a UTFPR.
Eu gosto de artes desde pequena. Eu era daquelas crianças que sempre estava com um caderno de desenho. Mas, no último ano do ensino médio, eu perdi a maior parte da visão de repente, e na época eu achei que não conseguiria mais fazer um curso de artes visuais ou design sem enxergar direito. Por causa disso, fiz um ano de Engenharia de Software, mas durante aquele ano eu descobri que conseguiria me adaptar o suficiente para voltar a desenhar e pintar. Então, eu parei o curso e foquei em estudar para passar na UTFPR, que na época ainda não tinha cotas para PcD. Passei e estou aqui desde então, fazendo bacharelado em Design, sendo a primeira aluna com deficiência visual grave no curso.
Como mulher, PcD e parte da comunidade LGBTQIAP+, a sua presença na universidade também representa as minorias. Como você entende e exerce esse papel?
Eu entendo que é importante fazer parte desse espaço para que se torne cada vez mais comum pessoas dessas minorias na área acadêmica.Também é importante para aumentar a vivência das outras pessoas com pessoas como a gente, para diminuir os preconceitos e tabus que ainda existem.
Como é a experiência de estagiar no Núcleo de Acompanhamento Psicopedagógico e Assistência Estudantil (NUAPE)? Há algum conselho que você sempre costuma repassar para os alunos que procuram o núcleo?
Eu estou gostando da experiência, o pessoal é muito legal e prestativo. Tenho dois conselhos para os outros alunos: leiam os editais, muita coisa que surge de dúvida já está respondida lá; e não tenham tanto medo de perder a vaga, existem vários recursos e coisas que podem ser feitas para evitar que isso aconteça e nós estamos ali para ajudar. E é normal estar fora do período “certo” e você não se torna um mau aluno por isso.
E ainda sobre conselhos, o que você diria para a Jinx (personagem do jogo LOL e da série Arcane) se encontrasse ela na rua?
Recomendaria que ela procurasse o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), foi bom pra mim e seria ótimo pra ela.