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Vice-campeã da Maratona Rocket, Atena é primeira presidente trans de CA na UTFPR-CT

Vice-campeã da Maratona Rocket, Atena é primeira presidente trans de CA na UTFPR-CT

Publicado 4/1/2024, 2:57:55 PM, última modificação 4/1/2024, 3:12:18 PM
Atena é estudante de Comunicação Organizacional

A estudante de Comunicação Organizacional Atena Gabriela Silva Souza é uma das integrantes da equipe que ficou em segundo lugar na Maratona Rocket, hackathon promovido pela RPC TV em 2023. O grupo era composto por quatro mulheres, apenas Atena representando a UTFPR-CT. As meninas desenvolveram uma plataforma voltada para conectar acadêmicos de todo o Brasil com necessidades semelhantes. “Montamos um protótipo do aplicativo e ficamos em segundo lugar”, conta.

A competição era voltada para universitários. Os participantes tinham 12 horas para desenvolver soluções de mobilidade urbana para cidades do futuro. Eles participaram de palestras para ajudar na construção das ideias. Depois apresentaram as soluções e receberam votos dos jurados.

Atena

“Atena nunca é nada. Atena sempre está em algo, em algum lugar, em alguma coisa. Sou um conjunto de vivências”. É assim que Atena Gabriela Silva Souza, 28 anos, se descreve. Aluna de Comunicação Organizacional e presidenta do Centro Acadêmico de Comunicação, CAC, é a primeira travesti a presidir um centro acadêmico na UTFPR em 18 anos de universidade. Envolvida desde cedo com a política, ela conta que foi diretora de imprensa de grêmio estudantil e secretária geral do Diretório Acadêmico de Comunicação (DACOM) da Universidade de Brasília (UnB): “já tenho um caminho traçado dentro da política durante alguns anos da minha vida. (...) Entrar no centro acadêmico, para mim, significa muito”, comenta.

Para Atena, a existência de um movimento estudantil fortalecido é indispensável: “o curso que eu faço foi uma conquista do movimento estudantil. A luta estudantil existe para democratizar acessos, espaços que não eram pensados para nós enquanto periferia. Sem o movimento estudantil, pessoas como eu não estariam nem dentro da universidade”.

O nome Atena é uma referência à mitologia grega: “a deusa da guerra. Afinal, a gente está no Brasil, o país que mais mata mulheres trans e travestis. Ser trans hoje é uma guerra constante”. Sobre a presença de pessoas trans nas universidades, Atenas esclarece: “Mulher eu deixo para as biológicas, que nasceram assim. Eu sou travesti, não entro nas pautas de mulheridade. Para nós, estar nesses espaços universitários é muito mais do que resistência, é mostrar a nossa presença nesse imaginário social. A gente tem necessidades, dificuldades e sucessos. A nossa vida não é só sofrência”.

Apesar de sonhar com uma carreira acadêmica na área de comunicação e gênero, Atena quer conquistar um espaço no mercado de trabalho. “Antes de chegar à minha carreira como professora, pretendo ser uma referência no mercado do que é diversidade e inclusão. Diversidade não é ter uma pessoa trans, é ter várias pessoas, várias histórias e vivências diferentes”. Hoje, ela é estagiária da multinacional Unilever, onde trabalha com e-commerce.

Como muitos dos estudantes e servidores que lutam em defesa da universidade pública, Atena tem um sonho para a UTFPR:  “(...) [meu sonho é] que a UTFPR seja aberta, que não tenha muros. Que a gente consiga ter o máximo de liberdade que o espaço acadêmico proporciona”, finaliza.

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