Pesquisador da UTFPR aborda a telemedicina em artigo internacional
Em tempos de pandemia da Covid-19, a discussão sobre a telemedicina entre médico e paciente voltou à tona.Um artigo publicado pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica (PPGEB) do Câmpus Curitiba, Higor Leite, trata do impacto e desafios no uso desta ferramenta como uma das ações de combate à doença. O estudo foi publicado no Journal Public Money & Management da Europa.
O artigo aborda a telemedicina, ou seja, o uso de tecnologias e aplicações que permitem a realização de ações médicas à distância, como suporte para aqueles afetados diretamente pelo vírus e que precisam de atendimento médico, ou para aqueles afetados pela quarentena e isolamento e que também precisam de ajuda psicológica. O documento foi feito em parceria com pesquisadores Universidade de Loughborough (Reino Unido).
Com iniciativas de tecnologia para atendimento médico, evita-se que as pessoas entrem nos estabelecimentos de saúde, evitando um aumento no risco de contaminação pelo COVID-19. O documento aborda o fato de que pandemias provocam pânico, medo e motivam as pessoas a procurar ajuda nos sistemas públicos de saúde, sobrecarregando os departamentos de emergência dos hospitais, que lutam para lidar com alta demanda e capacidade restrita.
Segundo o artigo, a telemedicina está se mostrando benéfica para cidadãos, pacientes, profissionais médicos e organizações de saúde, neste período. Governos em todo o mundo, como Austrália, EUA e Reino Unido, estão investindo fortemente em telemedicina, com o objetivo específico de reduzir a presença de pacientes nos departamentos de emergência e, por sua vez, impedir a disseminação do vírus.
“O fato de um paciente buscar o sistema de saúde para uma consulta física, quando ele poderia ter a mesma consulta virtual com um médico, aumenta não apenas o risco de contaminação de outros pacientes, mas de profissionais que atuam na linha de frente no combate ao vírus; isso coloca mais pressão em um sistema com capacidade limitada”, explica o professor Higor Leite.
Um exemplo abordado de como a tecnologia pode ser aliada da medicina, é o aplicativo do governo brasileiro: Coronavírus SUS. A combinação de prevenção, triagem e informações em um aplicativo reduz as demandas do sistema público de saúde e, por sua vez, ajuda a evitar o colapso do sistema único de saúde. Se o diagnóstico facilitado pelo aplicativo indicar infecção provável, os pacientes serão encaminhados ao departamento de emergência ou unidade de saúde mais próximo para testes, melhorando a eficiência e a eficácia da assistência médica tradicional.
“O aplicativo brasileiro também serve para fornecer informações baseadas em evidências sobre a propagação da pandemia, reduzindo a prevalência de notícias falsas e, consequentemente, ajudando a reduzir o pânico”, cita. Uma iniciativa semelhante está sendo explorada nos EUA, e Reino Unido.
Desafios e Legislação
Segundo o pesquisador, a implementação da telemedicina ainda enfrenta muitos desafios. “Isso inclui o acesso em áreas rurais ou de baixa renda, capacidade de internet, proteção de dados e privacidade e, principalmente, uma discussão ampla sobre a necessidade de aprovar legislações para que a telemedicina seja implantada de forma proativa e não apenas reativa em momentos de crise”, afirma.
No Brasil, a telemedicina ainda é proibida entre medico e paciente, porém, com a pandemia da COVID-19, o Conselho Federal de Medicina liberou, provisoriamente, o seu uso. Para Higor Leite, a falta de discussões sobre possíveis legislações sobre o assunto pode fazer com que ela volte a ser proibida. “Assim, nos discutimos no artigo a importância de criar leis para fazer a telemedicina mais inclusiva e definitiva, trazendo um impacto positivo para pacientes, médicos, enfermeiros e sistemas de saúde”, finaliza.