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Crianças terão menos exposição à radiação em exames com parâmetros de pesquisadoras

Crianças terão menos exposição à radiação em exames com parâmetros de pesquisadoras

Publicado 8/13/2025, 10:17:46 AM, última modificação 8/13/2025, 10:19:14 AM
Dosagem da dosimetria é feita sem diferenciação entre pacientes adultos e pediátricos

Professora Akemi Yagui durante a realização de exames de imagem

Dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SUS) de 2018 apontam que 4% de todos os procedimentos médicos por imagem da década anterior à divulgação foram realizados em crianças, adolescentes e jovens de até 19 anos. O número de exames acende a preocupação sobre a exposição de pacientes pediátricos à radiação, questão que passou a ser discutida por pesquisadores da UTFPR, dentro do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica (PPGEB) do Campus Curitiba .

As professoras do curso de radiologia da Universidade Tecnológica, Danielle Filipov, Akemi Yagui e Anna Luiza Malthez, se debruçaram sobre a questão em parceria com pesquisadores das Faculdades Pequeno Príncipe e da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e criaram parâmetros mais seguros para realização de exames em pacientes pediátricos, que poderão ser aplicados nos procedimentos futuramente. O estudo nasceu dentro de um Grupo de Trabalho do PPGEB e conta com apoio de outros professores.

No caso dos exames por imagens solicitados a pacientes pediátricos, o profissional médico ou dentista deve justificar o porquê da realização deles, evitando exposições desnecessárias. Porém, segundo as pesquisadoras, a dosagem da dosimetria é aplicada sem diferenciação entre pacientes adultos e pediátricos.

De acordo com Danielle Filipov, um dos métodos adotados nas pesquisas foi a comparação de exposição à radiação entre pacientes pediátricos atendidos no Hospital das Clínicas e no Hospital Pequeno Príncipe, especializado em atendimento pediátrico. As crianças atendidas no hospital pediátrico receberam doses menores de radiação. “Vários fatores contribuíram para este resultado: o preparo da equipe pediátrica, que já é focada no atendimento de crianças e o equipamento utilizado, que é diferente do tradicional, utilizado em hospitais gerais”, explica a pesquisadora.

Somente no hospital Pequeno Príncipe são realizadas 600 tomografias por mês e, depois que aprovada pelo comitê de ética, as pesquisadoras começaram a acompanhar pacientes dos dois hospitais, o que resultou em simuladores para checar quais exames de imagem são adequadas para pacientes de diferentes idades e peso.

Segundo a professora Akemi Yagui, inicialmente, o valor de referência da dosimetria seguiu uma combinação de peso e faixa etária dos pacientes. Ela integra o grupo dede pesquisa do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP), coordenado pelo cientista Hugo Reuters Schelin, e lá conduz pesquisas acerca da radiologia intervencionista dentro da cardiologia pediátrica.

Esta intersecção entre a cardiologia e a dosimetria de radiação amplia o impacto dos resultados da pesquisa das docentes. “Os resultados do nosso estudo já estão contribuindo para estabelecer níveis de referência em diagnóstico na região”, explicou Akemi.

Parte da população liga a radiação a grandes acidentes como o caso de Chernobyl ou de o acidente em Fukushima, mas a realização de exames de imagens usa a radiação para “atravessar” o corpo do paciente e permitir que profissionais de saúde tenham mais subsídios para o atendimento.

Para “atravessar” o paciente e gerar a imagem, a dose de radiação, em pacientes com mais massa corporal, é maior. Já em crianças e adolescentes o ideal é que haja diminuição na dosimetria, conforme explica a professora Anna Luiza Malthez. “O que fizemos foi cruzar vários indicadores, como o a grandeza física, o tamanho do paciente e o tamanho do campo de radiação”, destaca a professora.

De acordo com as pesquisadoras, crianças são mais sensíveis à exposição de radiação porque ainda estão em desenvolvimento e podem sofrer efeitos biológicos se a dosimetria não for adequada. Com isso, o grupo espera que estes novos parâmetros de dosagem possam ser utilizados como referência durante a realização destes exames.

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