Estudo demonstra os avanços do soroban em pessoas com deficiência intelectual
Você já ouviu falar em Soroban? Soroban é um ábaco japonês que ensina as pessoas a realizar contas com agilidade e perfeição, permite efetuar operações como adição, subtração, divisão, multiplicação e extração de raízes quadrada e cúbica. Na UTFPR, a aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia do Câmpus Ponta Grossa, Lúcia Virginia Mamcasz Viginheski, defendeu sua tese sobre a utilização desta ferramenta em estudantes com deficiência intelectual.
A tese “O Soroban na formação de conceitos matemáticos por pessoas com deficiência intelectual: implicações na aprendizagem e no desenvolvimento”, orientada pelas professoras Sani de Carvalho Rutz da Silva (UTFPR) e Elsa Midori Shimazaki (UEM), foi aplicada em uma escola de Educação Básica na modalidade Educação Especial com a participação de oito estudantes com deficiência intelectual. A pesquisa teve início no ano de 2015 e foi concluída em 2016. A defesa da tese aconteceu em 2017.
Para Lúcia, a aplicação dos seus estudos é um reconhecimento de um trabalho que buscou incluir pessoas que normalmente são excluídas do meio educacional, mesmo frequentando a escola. “É necessário o conhecimento de que a deficiência intelectual não impede as pessoas de aprenderem e se desenvolverem. O que impede essa aprendizagem é a falta de sensibilidade das pessoas, a falta de metodologia de ensino que realmente inclua essas pessoas no meio educacional, além da falta de condições adequadas para os professores promoverem um ensino para todos”, explica.
O desenvolvimento do projeto, segundo Lucia, resultou em uma formação para os professores que atuavam na Educação Especial, os quais o aplicaram em suas turmas, validando os resultados obtidos com o método.
A pesquisa
A pesquisa fundamentou-se na teoria histórico-cultural de Lev Semenovich Vigotski sobre a aprendizagem e o desenvolvimento das funções psicológicas superiores e nos pressupostos teóricos da formação da ação mental por etapas, proposta por Piotr Yakovlevich Galperin. Os resultados indicaram que os estudantes com deficiência intelectual que participaram do estudo apresentavam conhecimento limitado no que se refere ao uso dos números e das operações em situações escolares e no uso social desse conteúdo. Após a intervenção pedagógica, os estudantes apresentaram avanços nesse conhecimento, apropriando-se do conceito de número e das operações por meio do soroban.
Com a produção técnica da pesquisa desenvolveu-se o material didático “Soroban Dourado”, o qual permitiu aos estudantes a compreensão dos princípios do sistema de numeração decimal e da estrutura do soroban. Essa produção técnica foi depositada como pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O Soroban Dourado tem a forma de um paralelepípedo retangular e foi confeccionado com material acrílico transparente, permitindo ao estudante visualizar e diferenciar por todas as faces as três ordens que constituem o material.
Premiação
A tese de doutorado foi uma das ganhadoras do Prêmio Capes de Tese 2018, na área de Ensino. Este ano, a premiação bateu recorde de inscrições com 939 trabalhos. Destes, 42 trabalhos foram selecionados para receber o prêmio. A cerimônia de entrega dos prêmios será realizada no dia 13 de dezembro, em Brasília.