Pesquisa inova no reaproveitamento de resíduo de decapagem química
Um processo inovador de recuperação de ácido clorídrico e cloreto ferroso contidos no resíduo de decapagem química já registrou o pedido de proteção intelectual junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). O objetivo, além de disponibilizar uma nova tecnologia para tratamento de um resíduo industrial considerado perigoso e gerar insumos químicos de boa qualidade, é possibilitar a economia de energia. O registro foi protocolado no dia 31 de julho, em regime de cotitularidade entre a UTFPR e a empresa Antares Reciclagem (com uma filial em Apucarana).
O processo funciona através da combinação das operações de evaporação/condensação a pressão reduzida e cristalização a temperatura ambiente. Com isso, é possível produzir solução de ácido clorídrico com concentração de até 11% e cloreto ferroso com pureza superior a 97%.
Sob o registro BR1020190158514, a recuperação das substâncias traz diferenciais em relação aos processos geralmente utilizados para o tratamento do resíduo de decapagem. Normalmente, o tratamento desse tipo de resíduo é pela adição de cal para aumentar seu pH e formar um lodo de hidróxidos e óxidos de ferro e dos outros metais presentes. Esse lodo é enviado para um aterro e o ácido clorídrico é totalmente perdido. A invenção também traz diferenças em relação aos processos utilizados na Europa ou Estados Unidos, pois simplifica as operações e demanda menor gasto energético.
Após análise criteriosa do relatório técnico do projeto de pesquisa, a empresa Antares demonstrou interesse na implementação do processo em escala piloto.
Acordo de cooperação
A parceria entre a UTFPR e a Antares Reciclagem, empresa que atua na área de reciclagem e regeneração de produtos químicos, teve início com o acordo de cooperação entre a empresa e os câmpus Apucarana e Medianeira, em 2017, com um orçamento de R$ 34 mil.
Este projeto está vinculado ao acordo e as pesquisas foram realizadas no Núcleo de Inovação Industrial e coordenadas pelo professor do Câmpus Apucarana, Alesandro Bail, além da colaboração dos professores Murilo Pereira Moisés (Apucarana) e Ismael Laurindo Costa Junior (Medianeira). Os três professores estão como autores do registro de proteção, além do representante da empresa, Daniel Graize Trindade.
As alunas Thuany Domingues Cunha (Engenharia Química Apucarana) e Luciane Effting (Licenciatura em Química Medianeira) participaram do projeto e receberam bolsas através deste acordo de cooperação.
Para o professor Bail, os pesquisadores do grupo estão sempre buscando novos desafios. “Pretendemos desenvolver também materiais magnéticos a partir do cloreto ferroso oriundo do resíduo da decapagem química. As aplicações podem ser desde tintas magnéticas até nanopartículas magnéticas com aplicação em medicina”, explica.
Segundo o pesquisador, se este processo for implementado, a iniciativa deverá gerar royalties à UTFPR, o que auxiliará nas demais atividades dos pesquisadores envolvidos.