Pesquisa sobre performance de bombeiros com cães é capa de uma das revistas da Oxford
Um estudo idealizado por pesquisadores da UTFPR está avaliando a atuação de bombeiros que trabalham com cães em operações como busca e resgate de vítimas. O objetivo é avaliar a influência desses animais conduzidos por guias durante suas atividades, chamada de mantrailing, levando em conta as respostas psicofisiológicas e musculares do bombeiro, além de contabilizar o número de desequilíbrios ou possíveis quedas durante esse trabalho. Os resultados estão publicados em um artigo de uma das revistas da Universidade de Oxford, sendo o destaque da capa desta edição.
A pesquisa faz parte da dissertação de mestrado do aluno, capitão Luis Gustavo Pimenta, do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF). As coletas de dados foram feitas entre 2021 e 2022 com testes na Sede Neoville do Campus Curitiba com 10 bombeiros operadores caninos do Corpo de Bombeiros do Paraná e três cães certificados para atividades de busca.
Segundo o líder do Grupo de Pesquisa Treinamento Físico-Esportivo: Saúde e Performance (TFESP) do PPGEF, Anderson Caetano Paulo, as simulações utilizaram uma vítima fictícia que se deslocava por 2,5 km no bosque do Campus e ficava escondida.
Após isso, os bombeiros foram divididos em duplas: um conduzia o cão e o outro acompanhava o deslocamento. Foram avaliadas as variáveis cardiometabólicas, nível de dor e desempenho muscular, antes e pós-atividade dos dois profissionais. O número de desequilíbrios durante a caminhada também foi quantificado.
Entre os resultados apontados pelos pesquisadores deste grupo de pesquisa estão a redução da força de preensão manual do bombeiro condutor. “Isso é importante, pois, ao encontrar uma vítima, esses profissionais necessitam carregá-la ou puxá-la. Uma preensão manual com a força reduzida pode deixar a vítima cair, por exemplo”, explica o pesquisador Anderson Caetano.
Porém, também foram identificados cinco vezes mais desequilíbrios (tropeços e escorregões) nos bombeiros que conduziam o cão. “O animal de mantrailing com o bombeiro aumentou o número de escorregões, tropeços, mudanças bruscas de direção e perda de equilíbrio corporal, acompanhados por uma redução na força de preensão manual e aumento da dor aguda no pescoço, tronco e quadril”, enfatiza o líder do grupo.
Para os pesquisadores, essas descobertas podem contribuir na elaboração de estratégias para mitigar lesões e otimizar o desempenho de operadores caninos no corpo de bombeiros e outras unidades cinotécnicas.
Atualmente, segundo dados apresentados neste artigo, só nos Estados Unidos são registradas 80 mil lesões ocupacionais (distensão, entorse, abrasão, fratura óssea) em bombeiros por consequência de quedas e escorregões.
Após essa simulação em busca de pessoas em ambiente de mata, os pesquisadores pretendem agora investigar os resultados em diferentes condições de ambientes como pântano, montanhas, dunas, entre outros.