Pesquisa utiliza resíduos da produção de dióxido de titânio para criar tijolos sustentáveis
Dois pesquisadores da UTFPR são autores de um estudo que resultou na produção de tijolos sustentáveis incorporando resíduos de dióxido de titânio. A solução veio de uma da demanda da indústria Tronox, de Camaçari, na Bahia, que procurou a UTFPR com o desafio do que fazer com o gerenciamento desses resíduos.
A pesquisa faz parte da dissertação de mestrado da então aluna do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Campus Curitiba , Stephanie Lya de Lima Castro, sob orientação do professor Eduardo Lied.
“Não é muito a minha área de trabalho, mas quando a Stephanie entrou no programa, falei com ela sobre os resíduos e ela mesma sugeriu para trabalharmos com os blocos”, relembra Lied.
O estudo também foi publicado no artigo “Enhancing bricks with titanium dioxide ore waste: Mechanical and environmental assessments” da revista Construction and Building Materials, e mostra que os tijolos produzidos com os resíduos da produção de dióxido de titânio apresentam mais resistência, além de serem mais sustentáveis.
“É mais sustentável porque se utiliza menos argila na fabricação dos tijolos e se reaproveita um material que seria descartado para produção de um tijolo mais resistente. É o que a gente chama de economia circular”, explica o docente.
A pesquisa de Stephanie foi concluída em 2023 que, desde a graduação, se dedicou a trabalhar com blocos cerâmicos e resíduos. O “match” com a UTFPR aconteceu na pós-graduação [em gerenciamento de obras] e seguiu para o mestrado. “Desde a minha época de graduação, eu sonhava em estudar na UTFPR, pois conheço o conceito alto que a Instituição tem no mercado de trabalho e a qualidade dos professores e da infraestrutura da universidade”, diz a pesquisadora.
De acordo com ela, do processo de experimentação até o resultado foi interessante, pois uniu teoria e prática. “Como a minha formação em arquitetura, muito do que eu vi sobre essa parte de concretos e tecnologias aplicadas à construção e experimentação foram de forma muito teórica. Já no meu mestrado, eu tive a oportunidade de ir para laboratório e colocar a mão na massa e realmente explorar”, conta Stephanie.
O resíduo do dióxido de titânio é gerado na fabricação de pigmentos e tem um custo elevado de descarte. Nesse sentido, a indústria buscou na academia soluções que onerassem menos o fluxo financeiro e, ao mesmo tempo, se mostrassem mais sustentáveis.