Pesquisador estuda avanço do uso de produtos biológicos no manejo de doenças, como o Trichoderma
Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológicos (ABCBio), o investimento para o manejo de doenças com o uso de biológico vem crescendo 20% ao ano. Para o pesquisador do Campus Dois Vizinhos , Sérgio Miguel Mazaro, esse aumento é uma consequência da conscientização da necessidade de diversificação de medidas de controle, de posicionamentos técnico mais assertivo e da melhoria da qualidade dos produtos disponibilizados ao mercado.
Atualmente o Brasil é o maior produtor e consumidor de produtos biológicos com mais de 120 empresas e 600 produtos, tendo movimentado, no ano de 2023, um valor próximo a R$ 4 bilhões. De acordo com previsões do setor, as maiores companhias de químicos já estão migrando para produção de produtos biológicos e estima-se que, até 2030, esse mercado esteja próximo de R$ 20 bilhões.
“As plantações são atacadas por pragas e doenças, e o controle ocorre pela aplicação de produtos químicos, muitas vezes utilizadas de forma indiscriminadas, contaminando alimentos, o homem e o meio ambiente. No entanto, esse cenário vem mudando e os químicos vem sendo substituídos por produtos biológicos, permitindo produções mais saudáveis, em um sistema agrícola sustentável. Esses produtos biológicos são compostos por microrganismos benéficos como fungos, bactérias, leveduras, vírus, que atuam no controle de pragas que atacam as plantações”, explica o professor Sérgio Mazaro.
Neste sentido, ele é um dos pesquisadores que vem estudando os benefícios do controle biológico, sobretudo do fungo Trichoderma spp., um dos principais utilizados como antagonista de patógenos de plantas.
De acordo com Mazaro, a introdução de Trichoderma no sistema de manejo é fundamental para obter sucesso no controle de fitopatógenos habitantes do solo.
"As espécies desse fungo têm sido exploradas pelas suas principais habilidades, que são a produção de enzimas com importantes aplicações biotecnológicas e a capacidade de controlar patógenos de plantas por meio de diferentes mecanismos de ação, com destaque para o micoparasitismo, a antibiose, a competição por substratos e nutrientes e a indução de resistência das plantas", explica.
Os resultados destas pesquisas estão em um livro publicado pelo pesquisador, em parceria com a Embrapa, e que hoje é referência nestes estudos no Brasil. A publicação “Trichoderma Uso na Agricultura” aborda o principal agente biológico utilizado no Brasil e no Mundo e reúne mais de 100 autores, com 27 capítulos.
No livro, o Trichoderma spp. é apresentado como um dos microrganismos mais estudados no mundo, devido a sua alta versatilidade e possibilidade de ser encontrado em diversos ambientes. Em um dos capítulos escrito por Mazaro, o uso associado do controle químico com o controle biológico pode ser uma melhor opção por possibilitar uma interação positiva quando comparados com os métodos isolados, obtendo efeitos aditivos ou sinérgicos
“Biológicos, quem não usou, vai usar. Precisamos fazer uso de forma racional e efetiva, ou seja, utilizando o que realmente é necessário e produtos de qualidade”, completa.