Home
/
Notícias
/
Últimas notícias
/
Divulgação Científica
/
Pesquisadores propõem criação do Registro Nacional de Mesoteliomas

Pesquisadores propõem criação do Registro Nacional de Mesoteliomas

Publicado 1/11/2018, 3:36:22 PM, última modificação 1/11/2018, 3:40:48 PM

O professor Marco Aurélio Kalinke, do Departamento Acadêmico de Matemática (Damat) do Câmpus Curitiba, apresentou na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em dezembro, uma proposta para a criação de um registro de vítimas do mesotelioma, um câncer pulmonar causado exclusivamente pela aspiração das fibras do amianto. Além de Kalinke, também apresentaram a proposta na Capes, em Brasília, as professoras da UFPR Leila Mansano Sarquis e Maria de Fátima Mantovani. Na ocasião, os materiais foram disponibilizados a outros pesquisadores brasileiros, à comunidade e ao governo brasileiro.

Professores Leila Sarquis, Maria de Fátima Mantovani e Marco Aurélio Kalinke apresentaram proposta na Capes, em Brasília. Materiais também foram entregues ao reitor da UTFPR pelos professores Luciana Kalinke, Leila Sarquis e Marco Aurélio Kalinke

Em dezembro, a proposta também foi entregue ao reitor da UTFPR Luiz Alberto Pilatti. Estiveram presentes na audiência com o reitor os professores Marco Aurélio Kalinke, Leila Sarquis e Luciana Puchalski Kalinke (UFPR).

O centro da proposta é a versão em português de um software utilizado pelo governo italiano chamado de Registro Nacional de Mesotelioma (ReNaM). O software é acompanhado por um documento que detalha como realizar a criação de um sistema de registro de casos da doença, além de armazenar dados clínicos e de buscar identificar possíveis contatos com o amianto, seja em exposição profissional, ambiental, extraprofissional ou familiar, por exemplo. As fibras do mineral flutuam no ar, contaminando ambientes de trabalho, roupas e até mesmo comunidades inteiras.

A Itália é considerada o país mais avançado no acompanhamento de casos de mesotelioma, em função de ter sido um dos primeiros países a usar e explorar as fibras de amianto. Também foi naquele país que os primeiros casos de mesotelioma foram registrados e que a mobilização para proibição do uso do mineral tomou proporção mundial.

O sistema de registro italiano foi totalmente traduzido e adaptado para a realidade brasileira e pode ser importante para auxiliar na definição de políticas públicas destinadas aos indivíduos expostos ao amianto que venham a desenvolver o mesotelioma, que é agressivo e tem diagnóstico específico. A tradução transcultural é um processo complexo, que compreende a adaptação da ferramenta para a realidade de outro país. No caso da tradução do ReNaM, as ferramentas geradas foram o software e um livro de orientações com cerca de 130 páginas que funciona como um manual para a criação do registro.

A tradução dos materiais foi desenvolvida no âmbito de duas pesquisas de pós-doutorado. Enquanto o pesquisador da UTFPR, professor Marco Aurélio Kalinke, embasou tecnicamente a tradução do software, do código-fonte e das orientações para detectar e registrar o mesotelioma, a professora Luciana Puchalski Kalinke, pesquisadora da UFPR, trabalhou na validação científica da tradução, para que o sistema pudesse ser adotado no Brasil.

As traduções foram desenvolvidas como parte de um projeto aprovado em edital de fomento da Capes, que permitiu a participação do pesquisador italiano Dario Consonni, da Universidade de Milão e da Clínica de Lavoro, e possibilitou criar um grupo de pesquisadores no Paraná que desenvolveu várias frentes para o estudo do impacto do amianto na saúde pública. Atualmente, há, pelo menos, oito pesquisas de mestrado, doutorado e pós-doutorado ligadas ao projeto.

Ainda que o amianto tenha sido proibido no Brasil por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) em 29 de novembro de 2017, os seus efeitos nocivos ainda serão sentidos nas próximas décadas, uma vez que a latência da doença pode chegar a 30 ou 40 anos. A implementação do ReNaM em nível nacional ajudaria o país a monitorar os casos de mesotelioma e a se preparar para uma realidade futura.

O amianto ainda é um material muito usado no Brasil, estando presente em telhas e caixas d’água, por exemplo. “Como são materiais que exigem manutenção constante, estamos sujeitos a ser expostos a essa substância e, enquanto não tirarmos todo esse amianto do país, será necessário monitorar a extensão do problema e os seus impactos”, alerta o professor Kalinke.

Reportar erro