Pesquisa estuda solução para a biometria em crianças
A identificação por biometria já é uma realidade cotidiana em nossa sociedade, porém em crianças, principalmente recém-nascidos, essa identificação ainda é um grande desafio devido ao diminuto tamanho da digital, baixa qualidade e alterações no padrão biométrico que ocorre até por volta de 1 ano de idade. Isso impede que a tecnologia de identificação biométrica seja empregada nessa faixa de idade, dificultando a rastreabilidade desses indivíduos.
Esse problema levou os pesquisadores do Campus Pato Branco, Dalcimar Casanova e Marcelo Teixeira, a estudar soluções junto a empresa parceira, sendo contemplados no edital do CNPq de Empreendedorismo de base tecnologia em inteligência artificial com o recurso de R$ 650 mil.
O projeto propõe uma solução computacional que explora algoritmos de inteligência artificial para correlacionar padrões em impressões digitais de crianças com sinais do mesmo indivíduo em idades posteriores. “Isso permitirá inferir sobre o traço biométrico esperado para uma pessoa independente de sua idade, sem recoleta de sinais”, explica o professor Dalcimar Casanova.
As contribuições que o processo de identificação biométrica em crianças trarão vão além de questões de segurança privada. “Um dos principais desafios para que essa tecnologia seja usada é com relação ao tráfico humano de recém-nascidos, por exemplo”, explica o pesquisador.
De acordo com um levantamento do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), entre os casos de denúncia de tráfico humano recebidas durante o ano passado, 75% eram de crianças e adolescentes (50%) e mulheres (25%). “Nesse contexto, um sistema de reconhecimento de neonatos, suficientemente preciso e confiável, poderia reduzir esses índices, além de prevenir situações de troca em maternidades, subsidiar a identificação de crianças desaparecidas ou sequestradas, dentre outros tantos impactos”, destaca Teixeira.
Outra vantagem desta tecnologia seria com relação ao controle vacinal e ao controle de acesso aos programas e serviços governamentais. Os números de crianças que não receberam vacinas ou que não tenham benefícios adquiridos devido a fraudes (por falta de rastreabilidade) vem aumentando nos últimos anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o monitoramento inadequado, bem como a falta de documentos oficiais de identificação, tornam os calendários de vacinação não rastreáveis.
O projeto teve início neste ano e conta com o apoio da empresa Akiyama, além de demais docentes e alunos da UTFPR.