Pesquisa usa fungos para substituir plásticos e materiais de construção
A agroindústria produz e deixa de aproveitar enormes quantidades de constantemente descarta resíduos das sobras de suas produções. Na natureza, esses resíduos vegetais são ótimos locais para fungos, que desempenham um importante papel na reciclagem de nutrientes. Inspirados neste processo, pesquisadores do Câmpus Ponta Grossa desenvolveram um material que pode ser utilizado em substituição ao plástico, poliestireno expandido e outros materiais danosos ao meio ambiente no setor de embalagens e construção civil.
A tecnologia Mush, pioneira no Brasil, também deu nome à startup criada no Câmpus. Participam do projeto os pesquisadores Eduardo Bittencourt Sydney, Antônio Carlos de Francisco e Leandro Inagaki Oshiro.
“Nós produzimos nosso material a partir de cascas, bagaços, talos, serragem, entre outros, que servem como fonte de nutrientes e suporte para o crescimento de um fungo. Esse crescimento é feito em moldes e o produto final adquire o formato do molde utilizado. Por isso dizemos que desenvolvemos uma tecnologia que nos permite gerar soluções sustentáveis para vários mercados”, explica o professor orientador do projeto Eduardo Bittencourt Sydney.
Segundo os pesquisadores, ao final do processo, o fungo é inativado e o produto torna-se 100% seguro.
O pesquisador Antônio Carlos destaca ainda que o projeto permitirá uma mudança de comportamento do consumidor em relação às embalagens. “Nossa embalagem não será descartada no lixo e, inclusive, poderá ser reaproveitada na forma de fertilizante em hortas, por exemplo. Dessa forma, impactos ambientais relacionados ao uso de materiais de fonte não-renovável e à logística da reciclagem serão evitados”, completa.
Outra vantagem é o custo da produção. “Além de agregar valor à resíduos do agronegócio, o material é 100% biodegradável, de baixo custo de produção e resulta na produção de um material durável, leve, que apresenta resistência à chama, à umidade, resistência mecânica e faz absorção acústica”, acrescenta o estudante do curso de Engenharia Química, Leandro Inagaki Oshiro.
A Mush surgiu no Laboratório de Fermentações do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia do Câmpus Ponta Grossa, no final de 2019, quando foi uma das selecionadas para o programa Sinapse da Inovação, promovido pelo Governo do Estado do Paraná por meio da Fundação Araucária, com o apoio do Sebrae e do Sistema Fiep. Em seu primeiro ano de vida, a empresa conquistou o primeiro lugar na “Órbita Agro” do reality show Rocket, realizado pela emissora RPC, recebeu uma premiação da Associação Brasileira de Cosmetologia e foi eleita TOP3 construtechs, como uma das mais inovadoras do Paraná.
Produtos para Conforto Acústico e Embalagens
A primeira linha de produtos da startup já foi lançada. A Coleção Íris foi criada em parceria com o Furf Design Studio e é composta por 3 produtos voltados ao conforto acústico para ambientes residenciais e corporativos e substituem as tradicionais espumas utilizadas.
“Trata-se de uma revolução em um setor carente de soluções sustentáveis e que deve ter um crescimento significativo nesse cenário de (pós) pandemia, com a consolidação do home office.”, completa o professor Eduardo Bittencourt.
Próximos passos
Desde sua criação a empresa já conquistou R$230 mil em editais que permitiram o desenvolvimento de produtos e a divulgação da tecnologia. Agora a busca é por investimento para ampliação da escala de produção e entrada no mercado.
“Estamos em um momento crucial dessa jornada empreendedora, que é a consolidação de toda a proposta de valor e do desenvolvimento tecnológico. A equipe está em constante conversa com grandes empresas que se interessam pela tecnologia” explica Leandro Oshiro.
Outras informações estão no site da Mush ou através do email oshiro@mush.eco.