Estudo revela dinâmica da dormência e resistência ao frio de macieiras em regiões de clima ameno
Durante cinco anos, os pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGAG) da UTFPR Campus Pato Branco , Rafael Henrique Pertille, Laise de Souza de Oliveira e Adriano Suchoronczek, orientados pelo professor Idemir Citadin, investigaram a dinâmica da dormência e a resistência ao frio de três cultivares de macieira — Eva, Galaxy e Fuji Suprema — em dois locais com diferentes níveis de acúmulo de frio. O estudo revelou que as plantas cultivadas em áreas com maior acúmulo de frio entraram em dormência mais profunda.
Realizada em dois pomares comerciais no município de Palmas-PR, a pesquisa mostrou que a resistência máxima ao frio ocorre após o término da fase de endodormência e que a desaclimatação de todas as cultivares ocorreu muito rapidamente, devido à reidratação rápida dos tecidos após a dormência. Foi constatado também que a resistência ao frio variou entre as cultivares, destacando-se a cultivar Eva, que apresentou a menor resistência ao frio no meio do inverno.
Os tecidos (gemas, casca e lenho) mostraram diferentes níveis de resistência ao frio no início do inverno, sendo o lenho o mais resistente, seguido pela gema e pela casca. Como Eva não entrou em dormência profunda, observou-se uma aclimatação superficial e curta ao frio, além de brotação rápida, mesmo no inverno. Essa condição predispõe os tecidos a danos pelo frio no período pré-brotação.
No Brasil, a produção de maçãs está localizada principalmente nas regiões de altitude da região Sul, onde as condições climáticas durante a dormência (outono/inverno) são inconsistentes e variam dependendo do local e do ano, como resultado de massas de ar conflitantes de origem tropical e polar, além da altitude. Em alguns anos ou locais, há acúmulo de frio insuficiente; em outros, podem ocorrer danos causados por geadas tardias.
Essas regiões, denominadas de regiões de inverno ameno, apresentam grandes variações nas temperaturas diárias, semanais e mensais. Essas variações tendem a ser mais expressivas com as mudanças climáticas em curso, que provocam alterações ainda mais acentuadas na fenologia das fruteiras de clima temperado, como a macieira.
Portanto, o estudo mostra que a dormência e a resistência ao frio da macieira em regiões de inverno ameno são bastante distintas daquelas relatadas em regiões temperadas típicas, oferecendo uma nova interpretação da adaptação dessa espécie frente às mudanças climáticas em curso. Esse resultado foi publicado em artigo na revista Scientia Horticulturae e pode ser acessado no link a seguir: