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Mensagem do Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial

Mensagem do Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial

Publicado 3/21/2024, 11:07:03 AM, última modificação 3/21/2024, 11:36:38 AM

Foto de Tayná Uràz

Foto de Tayná Uràz (da página do SindUTFPR)

No dia 21 de março de 1966, ocorreu o massacre de Sharpeville, na África do Sul. Neste dia, milhares de negros protestavam contra o apartheid sulafricano e o exército decidiu abrir fogo contra os manifestantes.

Não foi a primeira vez, tampouco a última, que o direito de protestar das populações discriminadas foi cerceado e atacado. O sangue que escorreu (e ainda escorre) foi sempre o do oprimido. Por esta e outras razões, este dia é escolhido pela Organização das Nações Unidas como o dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial.

No Brasil, o racismo se manifesta de muitas formas e, talvez, a pior delas não seja a injúria, mas o racismo velado, intrincado nas estruturas sociais. É o apartheid silencioso, que se nota na ausência das maiorias minorizadas nas posições de poder. Dentre essas ausências, podemos destacar a exclusão de pessoas negras do sistema educacional, que se dá não somente pela via física, mas também de maneira simbólica, por meio do epistemicídio. Tal conceito, cunhado por Boaventura Santos (1996), foi observado na sociedade brasileira por Sueli Carneiro (2005) e significa o apagamento sistêmico de práticas, produções, modos de ser, idiomas e saberes produzidos por grupos oprimidos. É a invalidação de cosmovisões africanas e de povos nativos, taxadas como selvagens e primitivas. Desse modo, mesmo quando acessam o sistema educacional, a permanência desses grupos é prejudicada, o que os leva à evasão.

Entretanto, a resistência negra sempre foi atuante e sempre lutou para enfrentar o racismo na sociedade brasileira, principalmente reivindicando medidas para que o direito constitucional à educação fosse garantido para todos. A conquista de leis como a 10.639/03, que obriga o ensino de História e cultura africana e afro-brasileira nas escolas, a resolução nº 1, de 2004, do CNE, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana para as Instituições de Ensino Superior, a 11.645/08, que obriga o ensino de História e Cultura indígena nas escolas e a 12.711/12, que aborda o tema das cotas raciais nas universidades federais são exemplos disso.

Neste contexto, na UTFPR, em suas diversas cidades, principalmente por meio da atuação dos docentes, como os pioneiros do DAFCH, do PPGTE, entre outros, em todos os campi, também do sindicato dos professores, e de organizações dos discentes, como os coletivos estudantis negros, sempre existiram ações de combate ao racismo e ao epistemicídio, como a organização de eventos sobre a temática, a orientação de trabalhos sobre africanidades, projetos de extensão, como o que tem o objetivo de levar a capoeira da Angola para o campus, a criação de disciplinas, como a optativa Presença africana no Brasil: Tecnologia e trabalho. “Desde o início, os temas da disciplina mexiam com as almas dos estudantes. Acho que o principal era o assombro de se verem diante de um Brasil desconhecido dentro do Brasil, às vezes, dentro de suas casas! Quando explicitei o conceito de Axé, fiquei impressionado em ver gente lacrimejando...Nas avaliações finais, ouvi muitas declarações de conversão e mudança de conduta.” relata o professor Dr. Ivo Queiroz, primeiro docente a ministrar a disciplina e um dos principais nomes de luta para implementação da educação antirracista a instituição.

Neste ano, foi constituída a Comissão Permanente de questões afro-brasileiras e indígenas, com representantes dos 13 campi, dentre técnicos, professores e alunos, como braço institucional na luta contra a desigualdade racial e o racismo. Além de fortalecer e divulgar as ações que já existiam nos campi, um dos primeiros objetivos da comissão é a reestruturação e regulamentação do NEABI -Núcleo de Estudos afro-brasileiras e indígenas, enquanto órgão institucional, de atuação em todos os campi.

O esforço pelo fim do racismo é uma luta de todos e, para isso, contamos com o apoio de toda a comunidade acadêmica.

Comissão Permanente de questões afro-brasileiras e indígenas da UTFPR

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