Mural de Poty Lazzarotto da UTFPR Curitiba completa 50 anos
O mural de Poty Lazzarotto localizado no Bloco I completa 50 anos em 2025 e tornou-se parte fundamental do patrimônio cultural da UTFPR Campus Curitiba . Instalado no Pátio Central da Sede Centro entre os meses de maio e junho de 1975, integrou-se de forma simbólica à vida acadêmica e cotidiana do campus. De acordo com o livro “UTFPR: Uma história de 100 anos”, a obra “Ofícios”, foi encomendada pelo ex-diretor do antigo CEFET-PR, atualmente UTFPR, Ivo Mezzadri, que na época consultou os engenheiros da própria instituição para saber como tornar mais atrativas as paredes do Bloco I, sem janelas. Assim, foi aprovado um projeto de mural de Poty, contando a história da tecnologia.
Selma Suely, professora aposentada da UTFPR e antiga chefe do Departamento de Documentação Histórica (DEDHIS), conta que o mural foi “criado de maneira a retratar a evolução de diferentes ofícios. O painel deve ser visto como um todo que registra, no concreto, a origem e a história da instituição que durante a maior parte de sua existência, priorizou o ensino técnico que formou muitos profissionais em diferentes áreas”.
Mural
O mural é dividido em três partes, iniciando com cenas de homens em oficinas de construção, ferraria, marcenaria, sapataria e olaria. Em seguida, tem-se o processo de fundição, com professores ensinando o processo aos alunos, chegando aos dias atuais da época, os anos 70, com computadores e gravadores, sendo o símbolo da modernidade tecnológica. Também são colocadas cabeças humanas, simbolizando que, sobre todas as invenções, o cérebro humano continua a ser o grande criador.
O professor Ângelo Quinalha ficou responsável pela execução da obra, sendo auxiliado por dois alunos do Curso Técnico em Edificações. De acordo com o livro “UTFPR: Uma história de 100 anos”, Poty entregou os moldes em isopor e orientou sobre a confecção do painel, que teria uma mistura de pó Xadrez Vermelho, experiência praticamente inédita do artista. O processo era demorado e complexo. Os moldes em isopor eram colocados em fôrmas de madeira, sobre as quais eram despejadas camadas de argamassa de cimento e areia. Estruturas de aço foram colocadas para dar sustentação às placas e evitar que rachassem com o tempo. Por último, vinha o concreto.
Depois de quatro dias, estando secas, as placas foram retiradas das fôrmas. Para a finalização do projeto eram necessários mais 28 dias. No total, foram 40 dias para a concretagem estar concluída. Ainda de acordo com o livro, assim, foi uma das únicas experiências de Poty com este material. Isso tinha uma explicação: o artista queria dar um tom avermelhado lembrando a cor do tijolo. O painel permaneceu com essa aparência até que no final dos anos 80, com depois uma camada de tinta em tom de concreto alterar a criação em sua cor original.
Poty
Poty Lazzarotto nasceu na capital paranaense em 29 de março de 1924, vindo a falecer em 7 de maio de 1998. Possuía talento com desenhos desde pequeno. Morou no Rio de Janeiro por alguns anos, formando-se na Escola Nacional de Belas Artes, também estudando na École des Beaux Arts, em Paris, com uma bolsa ofertada pelo governo francês da época.
Quando vinha a Curitiba passar as férias de fim de ano, reunia-se com amigos artistas no ateliê de Guido Viaro. Foi onde conheceu Dalton Trevisan, editor da Revista Joaquim, da qual foi um dos colaboradores. Ao longo da carreira, participou de exposições dentro e fora do país e de inúmeras Bienais de São Paulo.
Em 2025, Poty Lazzarotto completaria 101 anos de idade. Em homenagem à sua trajetória e contribuição para a arte brasileira, diversas exposições estão sendo realizadas em Curitiba .