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Pesquisa da UTFPR aproveita palha de milho para ampliar ganhos da produção

Pesquisa da UTFPR aproveita palha de milho para ampliar ganhos da produção

Publicado 7/3/2025, 1:12:05 PM, última modificação 7/3/2025, 3:50:05 PM
Tecnologia verde com biocompostos ativos pode reduzir custos e ampliar ganhos econômicos

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, de acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Diante disso, pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) decidiram propor o aproveitamento de partes da planta que geralmente são descartadas para ampliar a lucratividade. A solução envolve a fabricação de compostos bioativos, que podem ser aplicados nos setores alimentício, farmacêutico e de biocombustíveis.

A proposta foi do professor da UTFPR Paulo Rodrigo Bittencourt e de cientistas da Unicamp, incluindo o doutorando Rafael Gabriel da Rosa e sua orientadora Tânia Forster-Carneiro, ambos da Unicamp. O objetivo foi obter compostos bioativos do sabugo e da palha de milho, que seriam jogados fora, para a aumento de ganhos econômicos. Eles perceberam que a Região Oeste do Paraná possui muito cultivo de milho e então buscaram parcerias para iniciar a pesquisa.  “Com apoio da agroindústria, conseguimos fazer essa coleta de material nas propriedades para prosseguirmos com as análises”, afirma.

A inovação da proposta é utilizar a hidrólise (quebra de moléculas grandes em menores) com um tipo de água subcrítica (em alta temperatura e sob pressão alta para evitar ebulição). A partir desse processo, são extraídos açúcares fermentáveis, ácidos orgânicos, compostos fenólicos e proteínas solúveis.

Bittencourt foi responsável pelas análises térmicas da palha e do sabugo nos laboratórios da Central Analítica Multiusuário do Campus Medianeira . Segundo ele, a solução é sustentável e demonstra que, com o controle do pH e da temperatura, os rendimentos podem ser empregados em diversas frentes. Inclusive, foi constatado que é possível recuperar a maior quantidade de compostos fenólicos com a temperatura de 170°C e pH 1.

Para isso, foi aplicada a EcoScale, uma métrica semiquantitativa das reações químicas, que permite avaliar impactos ambientais e econômicos em escalas. Para o cientista, as vantagens para a agroindústria são notáveis. “Além de reduzirem custos com o descarte de resíduos, elas podem agregar valor à matéria-prima excedente, gerar novos produtos e até monetizar um subproduto antes considerado lixo”, afirma.

Ainda, ressalta que o modelo econômico proposto aponta a viabilidade de implantação em escala industrial, com a avaliação da rentabilidade e da sustentabilidade ambiental, para atender as exigências do mercado. “A análise de recuperação de capital e o estudo de retorno financeiro indicaram que a ampliação do processo, com três reatores de hidrólise (500 litros cada), pode recuperar o investimento inicial em menos de quatro anos”, detalha.

A análise completa está disponível no Biofuel Research Journal.

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Junto com Rosa e Carneiro, a publicação científica também contou com a participação de Luiz Eduardo Castro, Tiago Barroso, Vanessa Ferreira e  Maurício Ariel Rostagno da Unicamp. Bittencourt, além de atuar neste estudo, também lidera o grupo de pesquisa de Análises Térmicas e Espectrométricas de Combustíveis do Campus Medianeira .

Foto: Freepik

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