UTFPR Explica: Qualidade do ar ruim. Como podemos nos proteger?
Foto: Epic.gsfc.nasa
Estamos constantemente lendo notícias e recebendo alertas da qualidade do nosso ar, principalmente neste tempo de estiagem. Além disso, podemos visualizar a fumaça que está encobrindo e mudando os cenários das cidades do nosso País.
As fumaças são resultado das queimadas de vegetação originadas em áreas da Região Norte, Centro-Oeste, além de outros estados e do nosso estado. Segundo a pesquisadora do Campus Londrina, Leila Droprinchinski Martins, com o tempo extremamente seco e a falta de chuva, muitas partículas estão no ar e elas estão se somando com essa enorme quantidade de partículas de fumaça.
Devido a circulação atmosférica e a enorme quantidade de incêndios, formou-se uma densa pluma com partículas muito finas poluentes que está se deslocando (um corredor de fumaça) e atingindo muitas regiões. “É como se houvesse um transbordamento da fumaça. Essa condição, associada ao clima com uma umidade de ar muito baixa, faz com que hoje tenhamos índices de concentração de partículas de mais de 100 µg/m³, levando o Brasil a ser um dos países com uma das piores qualidades de ar do mundo”, explica a professora.
“Nessa fumaça temos partículas como fuligem (chamado de black carbon), carbono orgânico, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, metais, etc; enfim uma gama de substâncias e de composição química variada”, destaca.
Para a pesquisadora, bastam apenas alguns dias de exposição para sentirmos os sintomas de que estamos sendo afetados por essas condições atmosféricas. “Crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios são os mais suscetíveis. Elas atingem o nosso sistema respiratório, cardiovascular e, também, o cérebro. Começamos a sentir sintomas como dor de cabeça, irritação de garganta, ardência nos olhos e garganta, tosse e coceira no nariz. E esses sintomas pode levar ao adoecimento e gerando um custo muito alto para a saúde pública”.
“Esta situação está associada as mudanças climáticas que estão tornando os eventos cada vez mais extremos”, completa.
Como prevenir o contato com o ar poluído
Com o índice de qualidade do ar muito ruim, algumas recomendações estão sendo feitas por especialistas para que minimizemos os impactos para a nossa saúde. Segundo a pesquisadora Leila Martins, uma das orientações é a hidratação constante, além do uso de soro fisiológico nasal para ajudar na hidratação e a expelir as partículas que possam entrar em nosso organismo.
Outra recomendação é evitar exercícios e exposições ao ar livre nesse período. “Se precisar sair, o ideal é utilizar máscaras”, afirma. Além disso, a sugestão é manter janelas fechadas para diminuir um pouco a entrada de ar poluído, embora as partículas de fumaça sejam muito finas. A pesquisadora alerta ainda para o cuidado em manter os ambientes úmidos com uso de bacias de água, panos, umidificadores, entre outros.
Punição
Para a professora, uma das soluções para evitarmos esse excesso de queimadas pelo país, seria a conscientização e o endurecimento da fiscalização de crime ambiental. “Colocar fogo ou utilizar qualquer objeto que possa produzir faísca é crime na atuação situação. Ou seja, essa fiscalização e punição deveria ser mais rigorosa. Alguns países, em épocas de clima extremamente secos, proíbem a população de usar qualquer objeto que possa produzir fogo, até mesmo acender uma churrasqueira ao ar livre”, destaca.
Poluição e entardecer
Outro ponto abordado pela pesquisadora são as imagens de pôr do sol que vêm gerando “belíssimas” fotos e movimentando as redes sociais. Leila esclarece que esse cenário de sol avermelhado, na verdade, é a interação dos raios solares com muitas partículas de poluição. “Essa visão de achar bonito é muito particular de cada um. Ou seja, ela é considerada bonita, mas, na verdade, é por conta de uma condição muito ruim de qualidade do ar, em termos de concentração de partículas, interferindo na radiação solar. As partículas espalham, refletem e absorvem a radiação, gerando esse cenário que estamos observando nos últimos dias”.
Sobre a pesquisadora
A professora do Campus Londrina, Leila Droprinchinski Martins, é coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental e atua como pesquisadora na área de química atmosférica em estudos que envolvem a qualidade do ar, análises de exposição pessoal aos poluentes ambientais e clima e seus efeitos à saúde, e desenvolvimento de estratégias de controle da poluição do ar.