Tudo o que você precisa saber sobre extensão na universidade

Você sabe quais são as principais diferenças entre uma faculdade e uma universidade? Enquanto as faculdades tendem a oferecer uma variedade menor de cursos e focar exclusivamente no ensino, as universidades têm uma abrangência maior nas áreas de formação e, principalmente, realizam atividades de extensão universitária para complementar a jornada do estudante.

É considerada extensão a organização de atividades nas áreas da tecnologia, cultura, política educacional ou científica, que, de forma integrada à matriz curricular do aluno, promova a interação transformadora entre a universidade, os estudantes e outros setores da sociedade.

De acordo com Lucas Larsen, estudante participante do projeto de extensão “Sigma Cursinho Solidário”, seu envolvimento nessas atividades não apenas o ajudou a criar laços com outros alunos, professores e demais membros da comunidade interna e externa, como também fez com que ele desenvolvesse habilidades importantes para sua formação como cidadão. “No lado pessoal, construí amizades que hoje são parte essencial da minha rotina na universidade. No lado acadêmico e profissional, o Sigma me ajudou a desenvolver responsabilidade, organização e visão de futuro“, disse Lucas ao compartilhar sua experiência no projeto de extensão.

O “Sigma Cursinho Solidário” é um ótimo exemplo para ilustrar o impacto dessas ações na sociedade. O projeto é voltado para alunos do ensino médio que não têm condições financeiras de pagar por um curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e tem como objetivo promover a equidade educacional na região de Guarapuava. Para isso, os alunos participantes oferecem aulas gratuitas de matemática, história, física e outras disciplinas que são cobradas nos vestibulares ou Enem. Através dessas ações, os extensionistas preparam os estudantes do ensino público para processos seletivos, fazendo com que eles tenham chances reais de aprovação e diminuindo, assim, a disparidade social presente nestas seleções. Dessa forma, os universitários que participam da atividade realizam a sua jornada como aluno, integrando o conhecimento obtido em sala de aula com a realização prática, enquanto compartilha-o com a sociedade em forma de extensão.

Com foco em envolver a comunidade externa (pessoas que não têm vínculo direto com a universidade) e enriquecer a jornada do aluno, os projetos conectam o ensino e a pesquisa em um processo científico, tecnológico e cultural, envolvendo diversas disciplinas ofertadas nos cursos de graduação. Essas ações fazem com que o estudante tenha uma participação para além dos muros da instituição, estimulando sua formação como cidadão participativo e responsável.

A extensão universitária pode se enquadrar em seis modalidades:

• Projetos: com duração mínima de um ano, os projetos são ações específicas de caráter educativo, social, cultural, científico ou tecnológico, com a intenção de viabilizar a relação entre teoria e prática, envolvendo servidores, alunos e a comunidade.

• Cursos: focados no público externo, os cursos são ações pedagógicas, de caráter teórico e/ou prático, planejadas sistematicamente, com critérios de avaliação definidos e carga-horária mínima de oito horas, podendo ser cumpridas presencialmente ou a distância. Eles podem ou não estar vinculados a programas e projetos de extensão, mas devem responder a demanda de algum conhecimento que não faça parte do ensino formal da graduação.

• Oficinas: ações pedagógicas, de caráter teórico e/ou prático, que visam a formação coletiva através de interações e trocas de saberes. Elas devem ter carga horária inferior a oito horas, podendo ser cumpridas presencialmente ou a distância.

• Eventos: são ações que resultam em apresentação e/ou exibição pública de um conhecimento ou produto cultural, artístico, esportivo, científico e tecnológico desenvolvido, conservado ou reconhecido pela universidade.

• Programas: ações que mobilizem projetos e outras atividades de extensão (cursos, eventos e apoio tecnológico) de no mínimo quatro anos contínuos, integrando preferencialmente as ações de extensão, pesquisa e ensino, voltados a um objetivo comum.

• Prestação de serviços extensionistas: neste caso, seria realizar um trabalho oferecido pela universidade ou contratado por terceiros (comunidade, empresa, órgão público etc).

A melhor forma de atingir o objetivo da atividade de extensão (que é construir conhecimento através da interação social e da integração do ensino, pesquisa e extensão) é a união dessas ações de diferentes modalidades, através de um programa e seus projetos.

Além dos tipos de atividades citadas acima, essas ações também são categorizadas em diferentes áreas temáticas que podem se relacionar, sendo elas: comunicação, cultura, direitos humanos e justiça, educação, tecnologia e produção, meio ambiente, saúde e trabalho.

A partir do programa de extensão, é possível (e incentivado) que sejam feitas conexões entre as ações e temas, criando, assim, novos modos de se atingir objetivos e se capacitar em diferentes frentes de trabalho.

O projeto “Letramento e Educação Midiática: Oficinas em Escolas Públicas de Curitiba ”, orientado pela professora Elza Filha, aborda os problemas de desinformação contemporâneos, por meio de oficinas realizadas em escolas públicas em Curitiba. Atualmente, estão sendo trabalhadas duas oficinas com alunos do sexto e sétimo anos do ensino fundamental. Uma delas trata diretamente da desinformação, gerada principalmente através das fake news. A outra aborda o cyberbullying, que é outro aspecto ligado à comunicação midiática.

Outra ação realizada para ampliar o conhecimento compartilhado com o público é a distribuição de um material impresso sobre o assunto tratado. O objetivo do material distribuído é fazer com que as crianças participantes das oficinas possam repassar as informações que aprenderam para seus pais ou responsáveis, a fim de conscientizar os demais membros da família sobre o tema da desinformação no mundo digital. “Nós consideramos que essas crianças ainda contam para os pais o que está acontecendo nas escolas [...] e pedimos para que elas falem a respeito disso com eles”, explica a orientadora do projeto.

As oficinas, realizadas em três ou quatro encontros semanais, envolvem conteúdos pedagógicos, atividades práticas e momentos de envolvimento entre as crianças. De acordo com Elza, aproximadamente 30 estudantes, em sua maioria voluntários, já fizeram parte do projeto. A iniciativa do “Letramento e Educação Midiática: Oficinas em Escolas Públicas de Curitiba ” une múltiplas ações extensionistas (o projeto, as oficinas e a criação de material impresso) com o objetivo de incentivar a participação dos alunos universitários na aplicação prática do saber e impactar positivamente a comunidade externa.

Sobre a importância de um projeto de educação midiática que combata a desinformação, Elza defende que esta é uma questão amplamente reconhecida como um dos grandes problemas da sociedade contemporânea. “Inclusive é reconhecida por entidades internacionais como o Fórum Econômico Mundial e a ONU. As pessoas que são mal informadas, no geral, adotam escolhas equivocadas no ponto de vista econômico e político. Os discursos de ódio e o preconceito se agravam com esse ecossistema desinformativo”, avalia.

O primeiro passo para participar dessas atividades é ser aluno de uma universidade que ofereça ações de extensão, como é o caso da UTFPR. Com isso, você poderá se aproximar das áreas temáticas que mais te interessam e entrar em contato com a coordenação do curso ou seus professores para receber o devido direcionamento. Então, você deverá encontrar um profissional capacitado que atue como orientador de uma atividade extensionista na sua área de interesse e compartilhar sua vontade em colaborar com o grupo. Caso você tenha alguma sugestão específica de ação, poderá verificar a possibilidade de colocar essa ideia em prática junto a um docente da universidade.

Para saber mais sobre a extensão na UTFPR, acesse o portal institucional ou entre em contato pelas redes sociais.