Criação de IA para área biológica garante prêmio de tese destaque para pesquisador
O trabalho do professor do Campus Cornélio Procópio , Robson Parmezan Bonidia, foi reconhecido como a tese destaque da Universidade de São Paulo (USP). “BioAutoML: Democratizando Aprendizado de Máquina nas Ciências da Vida”, orientada pelo professor André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, foi escolhida como a melhor de 2024 na grande área de Ciências Exatas e da Terra. A premiação aconteceu no último dia 25 de junho, na instituição paulista.
O objetivo do BioAutoML é democratizar o uso de Inteligência Artificial (IA) na biologia. “Há uma dificuldade em aplicar elementos da biologia na inteligência artificial porque na computação os dados são colocados em números, e não em letras, como na biologia. Então, para facilitar a utilização da IA por pesquisadores que não têm o domínio, pensamos nesta solução”, destaca o professor.
De acordo com Bonidia, a pesquisa foi motivada pela necessidade de aumentar o acesso à inteligência artificial de maneira que as especificidades do Sul Global (América Latina, África, Ásia e Oceania), incluindo o Brasil, sejam atendidas.
“Muitas vezes as soluções dos Estados Unidos ou da Europa não têm adequação para nossa realidade. Por exemplo: trabalhar com dados biológicos de populações do Norte Global, embora possa nortear pesquisas, não reflete a pluralidade da nossa realidade. Por isso é fundamental que os nossos pesquisadores tenham acesso ao aprendizado de máquina para subsidiar os estudos”, explica Bonidia.
O BioAutoML tem utilização simples para o usuário, o que permite mais agilidade e segurança na hora de desenvolver a pesquisa.
“Há alguns anos, o professor André Carlos e eu temos trabalhado arduamente na criação de soluções para reduzir a desigualdade tecnológica entre o Sul e o Norte Global — desde a formação de novas lideranças latino-americanas até o desenvolvimento de ferramentas que permitam a qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento em programação, utilizar IA, especialmente nas ciências da vida”.
O programa teve testes realizados no Brasil e na Alemanha e, na fase atual, a interface passa por atualizações.
No ano passado, o trabalho do professor Bonidia foi finalista do Prêmio Santander e também ficou em terceiro lugar no Prêmio Artur Ziviani de teses e dissertações, como a terceira melhor tese de doutorado do Simpósio Brasileiro de Computação Aplicada à Saúde.
O BioAutoML foi criado em 2020 durante o doutorado do professor na USP e, atualmente, recebe suporte da Global South AI4PEP Network, com financiamento da International Development Research Centre (IDRC). O projeto também está integrado ao Hub AutoAI-Pandemics do ICMC-USP e já conquistou outros reconhecimentos, entre eles, o Google Latin America Research Awards (LARA) em 2021.
InteLigente
O BioAutoML, voltado para bioinformática, está ligado ao projeto InteliGente, coordenado pelo pesquiador, que também tem o objetivo de ampliar o acesso ao aprendizado de máquina.